Segundo o primeiro-ministro, o continente africano é, de todos, "o continente que produz menos emissões de gases com efeito de estufa", um total global de 4%, mas é, simultaneamente aquele que "sofre mais as consequências das alterações climáticas".
"Esta percentagem não é para ser aumentada com a transferência de responsabilidades climáticas dos países desenvolvidos. Pelo contrário, as necessidades energéticas e industriais de que a África padece devem ser supridas por tecnologias limpas, eficientes e amigas do ambiente", defendeu perante a plateia de responsáveis governamentais vindos do continente africano. A abundância de energias renováveis em todo o continente torna-se "uma grande oportunidade industrial e de criação de empregos. África tem recursos renováveis abundantes".
No entanto, prosseguiu Ulisses Correia e Silva, é "preciso assegurar que a agenda de financiamento climático" não fique prejudicada pela crise pandémica da COVID-19. "O financiamento climático deve estar à altura dos desafios e o seu acesso mais facilitado através de canais bilaterais e multilaterais", apelou, acrescentando que por outro lado o alívio da dívida externa dos países em desenvolvimento e dos Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento (SIDS na sigla em inglês) deve ser encarada "com sentido de prioridade".
A crise pandémica, defendeu Ulisses Correia e Silva, levou a que muitos países aumentassem a sua dívida por causa da "grande contracção económica e às despesas extraordinárias para a proteção sanitária". Agora estes países enfrentam um triplo desafio, apontou: responder à crise pandémica e relançar as economias; alinhar respostas preventivas e de ação climática; e investir em transformações estruturais que aumentem a resiliência, o potencial de crescimento econômico e as possibilidades de atingir o desenvolvimento sustentável.
Estes desafios encontram resposta, no entender do chefe do governo, na igualmente tripla "dimensão inter-relacionada do financiamento: financiamento para vencer a pandemia, nomeadamente o acesso universal à vacina; financiamento para a acção climática, de iniciativas de adaptação e mitigação e; financiamento para a agenda 2030 do desenvolvimento sustentável".
A conferência internacional sobre clima e desenvolvimento decorre no Sal e é organizada pela Comissão Económica das Nações Unidas para África (UNECA).