Fonte oficial da TICV contactada pela Lusa explicou que a companhia, agora a operar com a marca comercial BestFly Cabo Verde, realizou nove voos, ligando Santiago (Praia), São Vicente, Sal, Maio e Boa Vista, tendo transportado 417 passageiros.
A TICV não realizava voos desde Maio e o grupo BestFly afirma ter “em implementação um plano de crescimento para a operação a partir do arquipélago, para se tornar numa referência no transporte aéreo na região”.
O grupo BestFly, de origem angolana e que opera em vários continentes no sector da aviação civil, foi escolhido pelo Governo de Cabo Verde, após consulta ao mercado, para assumir a partir de 17 de Maio uma concessão, de emergência com prazo de seis meses, do serviço público de transporte aéreo de passageiros interilhas, precisamente após a suspensão dos voos pela TICV.
Desde ontem, a operação foi concentrada na TICV, que já tem um Certificado de Operador Aéreo em Cabo Verde, sendo que o processo de retoma dos voos interilhas envolveu igualmente a certificação por parte da Agência de Aviação Civil (AAC).
A companhia anunciou ainda que vai voltar a disponibilizar a venda ‘online’ de bilhetes, a partir deste domingo, através de www.bestfly.aero e www.bestfly.aero
Em 05 de Julho, o grupo BestFly acordou a compra de 70% do capital social da TICV aos espanhóis da Binter, ficando os restantes 30% com o Estado cabo-verdiano.
“O sector da aviação civil em todo o mundo tem sofrido fortemente com os impactos da pandemia e nós não ficamos imunes a isso. Mas com o esforço e dedicação dos trabalhadores da companhia é agora possível retomar a atividade, com a garantia de um serviço de qualidade e fiabilidade aos nossos clientes”, afirmou na sexta-feira Américo Borges, diretor-geral da TICV, citado no comunicado da companhia anunciando a retoma.
O grupo BestFly já colocou em Cabo Verde, para esta operação, dois ATR72-600 e garante que esta transição será feita “sem qualquer sobressalto”.
Em 2020, os voos domésticos em Cabo Verde, operados apenas pela TICV, movimentaram cerca de 125 mil passageiros, menos 286 mil (-230%) face ao ano anterior, devido às restrições impostas pela pandemia de covid-19.
Em 2017, os passageiros das ligações aéreas domésticas em Cabo Verde atingiram o recorde de quase 465 mil (movimento total de 929.595 embarques e desembarques), com mais de 10.200 voos.
Na semana passada, a TICV procedeu ao despedimento colectivo de 60 funcionários. Américo Borges justificou a medida com a redução do número de voos operados que originou “uma drástica redução” da receita, colocando a TICV numa situação económico-financeira “muito difícil” , o que, com as agravantes consequências da COVID-19, “obriga a desencadear um processo de reestruturação, que se torna imprescindível”, para a garantir a “continuidade e sustentabilidade” da empresa.