A BestFly poderá avançar em breve para a compra da participação da BINTER na TICV.
A informação foi avançada à agência Lusa por uma fonte da companhia aérea que, desde segunda-feira, está a a assegurar as ligações aéreas interilhas em Cabo Verde.
Segundo a mesma fonte os contactos foram estabelecidos pela BINTER para explorar a possibilidade de venda da operação em Cabo Verde.
Esta possibilidade surge depois de a possibilidade de a TICV continuar a operar em Cabo Verde ter sido avançada pelo Primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, em declarações feitas à margem do encontro com o Presidente português Marcelo Rebelo de Sousa.
“É preciso ter em conta que a TICV é uma companhia que já está a operar e é bom que não haja descontinuidade. Outra coisa é se a Binter continuará ou não como accionista da TICV”, reconheceu o primeiro-ministro.
“Esta é parte que está agora em negociação, para fazer com que possamos cumprir o essencial. Para nós, o mais importante é que possa haver continuidade, não haver nenhuma situação de descontinuidade relativamente aos voos”, acrescentou.
O acordo com a BestFly
“Não abdicaremos da obrigação” de garantir a ligação entre as ilhas de Cabo Verde, disse esta segunda-feira o Ministro dos Transportes, Carlos Santos, em conferência de imprensa depois de anunciar a assinatura do contrato com a empresa angolana BestFly.
O ministro disse ainda que agora compete à Agência de Aviação Civil conduzir o processo de certificação e licenciamento daquela companhia aérea. “Este assunto do volte face da TICV”, que disse hoje que pretende continuar a operar no mercado nacional, “é um assunto que tem de ser tratado pela entidade reguladora. Deixaremos a entidade reguladora trabalhar de forma independente, como tem sido até agora”.
Questionado pelos jornalistas sobre se há espaço para as duas operadoras operarem no mercado interno, Carlos Santos respondeu que essa avaliação “não compete ao governo”. “O governo quis, em primeiro lugar garantir, e conseguiu, a conectividade interilhas”, disse o ministro que apontou ainda que se a TICV “vai estar no mercado isso depende das autorizações da AAC. O importante é que impedimos que não houvesse voos e isso está garantido com a BestFly” com quem o governo assinou um contrato de concessão de seis meses.
No comunicado lido pelo ministro, e que já tinha sido enviado à comunicação social na passada sexta-feira, é referido que a TICV tinha expressado a sua vontade “de cessar as suas operações a partir de 17 de Maio”, algo que foi contrariado, esta segunda-feira, quando, em declarações à agência Lusa, a companhia aérea de capital canarino anunciou que, afinal, não só continua a operar em Cabo Verde como até já entregou a programação de verão à Agência de Aviação Civil. “Já entregámos na AAC a nossa programação para a ‘summer season’ de 2021, a partir deste mesmo dia [17 de Maio], e estamos agora a aguardar a autorização da AAC. Normalmente é um processo rápido”, disse o director-geral da Transportes Interilhas de Cabo Verde (TICV), Luís Quinta.
Sobre este tema o ministro dos Transportes esclareceu que “é público e notório que a Binter já tinha manifestado a vontade de sair das operações, inclusive de liquidar a empresa”. “Temos correspondência trocada com a Binter, com os accionistas da TICV, a dizer isso. Não vamos entrar no diz que diz”, acrescentou o ministro.
Rotas subsidiadas
Previsto no acordo agora assinado entre o governo e a BestFly está a subsidiação das rotas.
Na conferência de imprensa desta segunda-feira o ministro dos Transportes anunciou que o Estado se compromete a pagar à companhia aérea 10.000 euros por mês sempre que a taxa de ocupação estiver entre os 70/75 %; 50.000 euros de 70 a 65%, e quando a ocupação for de 55%, será paga uma taxa à volta dos 13 mil contos mensais, mediante o preço do valor médio das tarifas.
A partir dos 75 %, clarificou Carlos Santos, será a Bestfly a fazer o pagamento ao Estado.
Depois de o director-executivo da BestFly, Nuno Pereira ter afirmado que um dos objectivos da empresa é baixar o preço dos voos, o ministro esclareceu que existe uma lei que define as tarifas no país, além de a companhia, no quadro da política tarifária e da lei nº54/2019, estar obrigada a praticar preçários sociais para mais velhos e grupos desportivos.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1016 de 19 de Maio de 2021.