Época festiva em São Vicente com mais movimento mas longe de 2019

PorNuno Andrade Ferreira,24 dez 2021 16:01

Mais gente e mais reservas fazem renascer esperança dos operadores. Dezembro de 2021 será melhor que mesmo mês de 2020.

Para milhares de pessoas, São Vicente é destino obrigatório no Natal e passagem de ano. Vivam noutras ilhas, tenham emigrado ou estejam apenas de passagem por Cabo Verde, são muitos aqueles que, tradicionalmente, colocam o Mindelo na rota da época festiva. Depois de anos que pareciam ser de consolidação do destino, a pandemia baralhou as contas e 2020 foi o que se sabe. Agora, a retoma faz-se passo a passo, ainda longe das cifras de 2019, mas com esperança moderada no que por aí vem.

Na área da restauração e hotelaria, os operadores registam um “movimento satisfatório”, mesmo que insuficiente para compensar perdas acumuladas.

Papy Tavares, da residencial e restaurante Sodade, fala de um aumento de procura “razoável”.

“Teve um aumento razoável comparado com os meses anteriores, tanto do serviço de restauração, como de quartos. Também as empresas, que no ano passado não fizeram o tradicional jantar de Natal, estão a fazer um esforço para este ano”, refere.

Alexandre Novais, do hotel e restaurante Prassa 3, destaca a vacinação da população como factor que permitiu controlar a covid-19 e devolver uma ideia de normalidade.

“As coisas estão a correr bem para a restauração. Na hotelaria, a sustentabilidade continua em causa, porque vivemos de turistas e ainda está fraco. Temos algumas reservas até final do mês, mas longe daquilo que é sustentável”, comenta.

Romilda Tavares, do restaurante Dokas, afirma que o sector está em fase ascendente, apesar de continuar distante do lugar que ocupava em 2019.

“Comparada com o ano passado, a situação está bastante melhor. Sentimos diferença em termos de procura. Nesta época, costumamos trabalhar com jantares de empresa e amigos e o que sentimos é que os grupos estão mais pequenos”, comenta.

No rent-a-car, as percepções variam de empresa para empresa. Natércia Lopes, do Stand Moderno, foi surpreendida pela positiva.

“A situação está melhor do que estávamos à espera. No ano passado, a procura foi reduzida, mas este ano as coisas melhoraram um bocado. As reservas estão cheias, metade da nossa frota já está nas ruas e a outra metade está praticamente reservada para a época festiva. Em 2019, nesta altura, as reservas eram de 100%”, contabiliza.

Na New Car, Joel Évora fala de um bom período.

“O número de reservas está a aumentar, tanto da população da casa, como de estrangeiros. Estamos praticamente esgotados para Natal e fim de ano”, declara.

A Alucar optou por uma estratégia diferente. À boleia da pandemia, alienou a frota e suspendeu o serviço de aluguer de viaturas em São Vicente, mantendo-o a funcionar na Praia. Perante o grau de incerteza que se mantém, o administrador Jorge Correia prefere esperar para ver.

“Com a queda ou mesmo paralisação do fluxo turístico, não fazia e não faz sentido investir recursos em carros novos, para ter uma taxa de ocupação insignificante. Seria mesmo um empate de capital. Estamos a monitorizar o processo de retoma da economia, em particular o turismo, para que possamos introduzir viaturas novas em São Vicente e na Praia”, antecipa.

Do lado dos eventos de animação, 2021 também marcou um regresso paulatino à actividade. Dezembro é um mês forte. No último fim-de-semana, a DEventos recuperou uma das suas principais marcas, “I Love Cabo Verde”. Até dia 31, há outras festas em cartaz.

“Depois de todo esse tempo paradas, as empresas de eventos retomaram a actividade. Temos festa de Natal, no dia 25, em São Vicente, e show do Dynamo, no dia 30 de Dezembro, para fecharmos o ano em grande”, antecipa.

Nuno Sérgio, da Staff Pomo, refere que a retoma, apesar de real, exige “calma”.

“Acho que toda a gente gostaria de voltar ao ano de 2019, que foi cheio de eventos. A nossa empresa, em particular, passou praticamente todo o ano a trabalhar. Para 2020, as perspectivas eram enormes, já pensávamos em passar para outro patamar e começar a fazer eventos noutras ilhas, mas aconteceu o que aconteceu e vamos levando com calma”, lamenta.

Para os operadores ouvidos nesta reportagem as previsões para os próximos doze meses têm como denominador comum uma premissa: cautela.

“[Não será], nem de perto, nem de longe, uma entrada em grande. Esta altura é conhecida pelo aumento do movimento. Aproveitamos verão e Natal para sobreviver aos meses sem nada. Não vamos entrar em 2022 com grande movimento”, avalia Romilda Tavares, do restaurante Dokas.

Encontramos o mesmo cuidado no discurso de Papy Tavares, da residencial e restaurante Sodade, preocupado que está com o estado da pandemia na Europa, principal região emissora de turistas. “Não sabemos como é que nos vai afectar novamente”, alerta.

Mais confiante, Anderson Soares, da DEventos, é categórico: “para 2022, as perspectivas são muito boas”.

Em São Vicente, e apesar dos alertas em sentido contrário do delegado de saúde, a passagem de ano, momento alto da época festiva na ilha, deverá ser assinalada com o tradicional baile na rua de Lisboa. Djodje será cabeça-de-cartaz.

*com Fretson Rocha e Lourdes Fortes

Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1047 de 22 de Dezembro de 2021. 

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Autoria:Nuno Andrade Ferreira,24 dez 2021 16:01

Editado porAndre Amaral  em  22 set 2022 23:28

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