De acordo com dados compilados hoje pela Lusa a partir de um relatório deste mês do Banco de Cabo Verde, o resultado nos primeiros nove meses do ano foi impulsionado pelas remessas enviadas em Julho, um recorde de quase 2.938 milhões de escudos num único mês.
De Janeiro a Setembro de 2020, os emigrantes cabo-verdianos já tinham aumentado as remessas enviadas para o arquipélago para mais de 14.918 milhões de escudos, que agora cresceram 38,9%, também em nove meses, igualmente em termos homólogos.
Entre o total de remessas em divisas enviadas nos primeiros nove meses de 2021 lideraram as provenientes dos emigrantes cabo-verdianos nos Estados Unidos da América e em Portugal, que totalizaram, respetivamente, 6.301 milhões de escudos e mais de 5.805 milhões de escudos.
A população de Cabo Verde ronda os 500 mil habitantes, mas estima-se que mais de um milhão de cabo-verdianos vivam na Europa e Estados Unidos da América, estando o sistema financeiro do arquipélago dependente das remessas desses emigrantes.
A Lusa noticiou anteriormente que as remessas enviadas pelos emigrantes cabo-verdianos em Portugal caíram quase 14% em 2020, sendo ultrapassadas pelas provenientes de França e dos Estados Unidos da América.
Segundo dados provisórios anteriormente divulgados pelo banco central, as remessas enviadas pelos emigrantes cabo-verdianos para o arquipélago aumentaram globalmente 4,5% de 2019 para 2020, para 20.789 milhões de escudos, passando a ser lideradas pelas provenientes dos Estados Unidos, que dispararam 33%, para mais de 5.982 milhões de escudos.
O primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, reconheceu no final de 2020, no parlamento, a importância para a economia nacional das remessas enviadas pelos emigrantes, que continuavam a crescer e representam já 11,3% do Produto Interno Bruto (PIB) cabo-verdiano.
“As contribuições das remessas dos emigrantes têm sido importantes ao longo da história de Cabo Verde. São importantes para as famílias, para o financiamento da economia cabo-verdiana e também demonstra que a confiança tem aumentado, mesmo no período da pandemia”, afirmou.
O governante explicou que as remessas valiam 10,6% do PIB, em média, na legislatura de 2012 a 2015, mas que subiram para 11,3% no período de 2016 a 2019.
“E neste período de pandemia, ao contrário do que estava estimado, tem havido uma evolução positiva, um crescimento de 20% de Junho de 2019 a Junho de 2020”, destacou, em Dezembro, Ulisses Correia e Silva, reforçando a importância destas remessas por continuarem a aumentar, globalmente, apesar das dificuldades económicas que os emigrantes cabo-verdianos também enfrentam nos países onde trabalham, devido à pandemia de covid-19.