“A actividade económica mundial foi profundamente afectada pela pandemia de COVID-19 em 2020. Cabo Verde foi uma dos principais países afectados, em que a recessão económica ultrapassou o dobro do previsto no OE2020 (-14,8% ao invés dos previstos -6,8%) e, consequentemente, as receita do Estado ficaram aquém, em 9,6 mil milhões de CVE, as necessidades de resposta à COVID-19 impuseram novas despesas no valor de cerca de 3 mil milhões de CVE e os depósitos do governo caíram em cerca de 2,2 mil milhões de CVE, afectando a capacidade de financiamento do Estado de Cabo Verde", começou por escrever o governo.
Segundo o executivo, as importações reduziram em 23,1% e as remessas dos emigrantes representaram 13,6% do PIB.
O Investimento Directo Estrangeiro (IDE), por sua vez, diminuiu 31,8% em 2020, em face ao ano de 2019.
Relativamente a evolução dos preços em 2020, a inflação média anual desacelerou para 0,6% , -0,5 p.p., em face à registada em 2019.
“Esse resultado deriva das flutuações dos preços dos produtos energéticos no mercado internacional, bem como da redução da demanda interna. A execução orçamental de 2020 reflecte os efeitos da pandemia da Covid-19 na economia cabo-verdiana”, justificou.
Os dados definitivos da Execução Orçamental de 2020 apontam para um saldo global negativo de 16.424,5 milhões de contos, o que representa um défice de 10,0% do PIB, um agravamento de 7,6 p.p. em relação ao ano de 2019.
De acordo com o governo, esse resultado decorre do decréscimo na arrecadação das receitas totais (-24,0%, comparativamente a 2019), com destaque para as receitas fiscais (-21,9%) e donativos (-11,8%); e do agravamento das despesas na ordem dos 0,5%, comparativamente a 2019.
“Esse agravamento decorre das actividades de combate e resposta à Covid-19, para atenuar os efeitos causados pela pandemia relativamente ao emprego e ao rendimento das famílias, bem como reforço do sistema sanitário apurado em cerca de 3 mil milhões de CVE”, disse.
Ainda de acordo com a mesma fonte, a execução do Programa de Investimento Público, em 2020, foi fortemente condicionada pelas restrições impostas em combate à COVID-19, tendo registado um decréscimo de 15,0%, comparativamente ao ano de 2019.
O Impacto da COVID-19 nas receitas nas despesas, bem como a rigidez da despesa pública, por conta das despesas obrigatórias, com destaque aos salários e às pensões, bem como outras transferências às famílias e às câmaras municipais, constitui um factor restritivo de ajustamento do lado da despesa.