Abraão Vicente, que iniciou otem uma visita de dois dias ao Sal, para se inteirar da situação das comunidades piscatórias na ilha, fez essas declarações à Inforpress ao sair do encontro com a equipa camarária liderada por Júlio Lopes.
Explicou que “Nova Holanda”, que fica a quase 60 milhas do Sal, é a banca de peixe mais produtiva de Cabo Verde, onde há maior demanda e ocorrência de navios nacionais e internacionais que ali vão pescar.
“Significa que é demasiado oneroso para os armadores ir a Nova Holanda e voltar para as suas bases de origem. A ilha do Sal mostra-se como um local estratégico para termos uma primeira base de transbordo do pescado para que tenhamos aqui uma frota permanente da parte cabo-verdiana para ir à Nova Holanda”, considerou, explicando que o Sal seria o ponto onde os navios mais pequenos receberiam o pescado e distribuiriam para o resto das ilhas.
“Portanto, Sal configura-se, desta forma como uma das ilhas que pode ser também central na planificação do futuro da indústria do pescado e da transformação em Cabo Verde”, disse o titular da pasta do Mar.
Quanto aos assuntos tratados neste primeiro encontro com o edil Júlio Lopes, Abraão Vicente disse que foi para fazer um ponto de situação dos programas em curso, tanto os projectos municipais como a visão do Governo para o sector das pescas, ordenamento do território, orla marítima, entre outros.
“Os investimentos necessários para mitigar, mas também os investimentos necessários para ver o futuro, que tem que ver com projectar o Sal como uma das plataformas de pesca nacional, dado que Sal é a ilha mais próxima da banca de pesca mais produtiva de Cabo Verde, que é a Nova Holanda”, clarificou.
Segundo Abraão Vicente, isso significa que o Governo tem de projectar não só o porto de pesca para que tenha capacidade também de crescer com o futuro, como mitigar as consequências sociais que a classe de pescadores sentiu, conforme realçou, com a crise da covid-19.
Neste sentido disse que o Governo vai reavaliar os contratos-programa que já existem, programar e assinar novos contratos, reforçar a fiscalização de pesca e a fiscalização sanitária da qualidade do pescado na ilha do Sal, para garantir que os armadores locais consigam fornecer pescado fresco aos hotéis, substituindo o pescado ultracongelado.
“Mas a ilha do Sal tem muito boas perspectivas”, prognosticou, referindo que outro trabalho concreto do Governo para com a ilha do Sal tem que ver com o plano de gestão da praia de Santa Maria.
“Que está a ser desenvolvido em parceria com o Ministério do Turismo e a câmara municipal, no sentido de termos alguma previsibilidade na gestão da praia, a construção de novos equipamentos de apoio aos serviços de praia, mas também projectar a praia para o futuro”, almejou.
Segundo o governante, o sector das pescas deve ser uma das indústrias mais produtivas, e que lado a lado com o turismo pode contribuir para o desenvolvimento de Cabo Verde, sempre pensando, conforme sublinhou, que 80 por cento (%) das exportações de Cabo Verde é peixe.
“Isso significa que temos uma mais-valia e uma riqueza natural que é preciso explorar”, enfatizou, anunciando ao mesmo tempo, no âmbito da retoma económica, as linhas de financiamento em torno de 300 mil contos para o sector.
“Motivar e incentivar os armadores a concorrerem a esse financiamento, exactamente para fortalecer o sector da pesca semi-industrial e industrial que é onde temos maior lacuna aqui em Cabo Verde”, instigou.