Programa Estratégico de Desenvolvimento Sustentável vai ter uma nova versão.
“Na verdade, não vamos ter muitas mudanças”, aponta Gilson Pina, Director Nacional de Planeamento, sobre quais as grandes mudanças entre o PEDS que o governo apresentou na semana passada e o anterior.
“A grande diferença é a abordagem que vamos dar aos novos conceitos e também aproveitar melhor as potencialidades que temos em Cabo Verde”, acrescentou em conversa com o Expresso das Ilhas.
No fundo, com este novo PEDS que o governo apresentou “não vai haver grandes mudanças” relativamente ao plano anterior. “O objectivo é dar continuidade”, assegura Gilson Pina.
“Desta vez o conceito do PEDS vai ser alterado. Antes fazíamos do geral e avançávamos para o particular em cada ilha. Desta vez vamos ver que especialização cada ilha tem e vamos elaborar um programa focado em cada ilha tendo em conta o nosso objectivo estratégico”, aponta.
Assim, cada área estratégica do novo PEDS vai ter em conta a potencialidade de cada ilha de forma individual pondo “o foco em cada sector”.
Uma outra abordagem que o governo quer dar ao PEDS é “o foco no capital humano” e também na interligação entre os diversos sectores da economia nacional.
A economia azul vai ser, assegurou o Director Nacional de Planeamento, uma das apostas fortes deste programa assim como a economia digital.
“Em termos de planeamento estratégico, nós também vamos tentar colocar o foco naquilo que nós temos aqui em Cabo Verde para potencializar o desenvolvimento sustentável do país”, refere Gilson Pina.
Mas há uma outra vertente que este dirigente do Ministério das Finanças considera importante e que se prende com a diáspora e em como o processo de desenvolvimento “impacta a dinâmica da nossa diáspora, mas da mesma forma como é que essa dinâmica vai trazer outro ritmo para o processo de desenvolvimento do país”.
Desenvolvimento inclusivo de Cabo Verde
Na semana passada, durante a apresentação do que já é chamado de PEDS II, o ministro das Finanças, Olavo Correia, defendeu que o novo planeamento para a economia cabo-verdiana deve ser um mecanismo central da acção governativa e também um elemento do diálogo com todos os intervenientes de desenvolvimento do País.
Segundo o ministro, o governo tem a ambição de “até 2026, fazer de Cabo Verde uma democracia avançada, uma economia dinâmica, digitalizada e diversificada, uma nação inclusiva, integrada na CEDEAO com prosperidade partilhada com elevado prestígio na sociedade internacional e de referência e de orgulho para todos no país, na diáspora e dos seus parceiros”.
O ciclo de planeamento, explicou Olavo Correia, vai assentar na especialização económica das ilhas, valorizar os seus activos, permitindo um crescimento económico que possa garantir o desenvolvimento inclusivo de Cabo Verde, contribuindo, dessa forma, para a erradicação da pobreza extrema, a redução da pobreza absoluta e a redução das assimetrias regionais reforçando necessariamente a coesão territorial e social.
Olavo Correia defendeu igualmente que o Governo quer cumprir vários objectivos estratégicos nomeadamente garantir a recuperação económica, a consolidação orçamental, o crescimento sustentável, promover a diversificação da economia cabo-verdiana e construir uma economia de circulação localizada no atlântico médio.
Por outro lado, promover o desenvolvimento social pelo capital humano, inclusão, mobilidade, redução das desigualdades e pela erradicação da pobreza extrema, mas também pela promoção a todo o tempo da igualdade de género.
Descentralizar
Na mesma linha, o Governo quer continuar a promover a descentralização o desenvolvimento regional, a convergência com coesão territorial, a qualidade e a sustentabilidade urbanas, a sustentabilidade ambiental, a acção climática e a resiliência, valorizar a biodiversidade e apostar nas pessoas e nos jovens, nas empresas no ambiente, mas também no território.
Segundo Olavo Correia, os conceitos como a especialização económica, planos estratégicos municipais, a avaliação ambiental, a abordagem de gestão de riscos a ciência assim como a valorização dos recursos estará no centro das atenções e ganharão relevância acrescida com o PEDS II.
O PEDS 2022/2026 terá como foco a erradicação da pobreza extrema e a redução da pobreza absoluta, a aposta nos jovens como futuro de Cabo Verde, a diversificação da economia, tornar o país inclusivo e social, seguro, com justiça efectiva, a melhoria da qualidade das cidades e vilas, a promoção da coesão territorial e a boa governança.
*com Inforpress
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1055 de 16 de Fevereiro de 2022.