De Chã de Pedras, Santo Antão, Bia Neves está a tentar “vender” os saberes e a tradição passada de geração em geração, através de ervas medicinais.
“Os meus produtos são naturais e biológicos, que eram produtos que a minha mãe fazia e que após o seu falecimento, continuei o seu legado”, frisou a pequena empresária, em declarações à Lusa, acrescentando que, apesar de trabalhar mais por encomenda, na sua região pouco consegue vender.
Na bagagem para o evento organizado pela Feira Internacional de Cabo Verde (FIC), a santantonense trouxe óleos, pomadas, chás medicinais, doces e cuscuz torrado.
Nas ruas, o casal Edmilson Fernandes e Mónica Reis tenta há três anos ganhar o seu público, vendendo bolos de pote, mas pela primeira vez conseguiram participar da exposição na cidade do Mindelo.
“Estamos a conseguir na Feira conhecer outras pessoas, divulgar os nossos produtos, os bolos de copo semi-frios, com diversos recheios”, referiu Edmilson, que garante que as vendas têm sido cada vez maiores.
Como alternativa ao desemprego, que “deu certo”, o casal fez do negócio um estilo de vida e fez algumas modificações, na forma de vender o produto, passando a distribuir colheres de madeira, em vez de plástico, tendo em consideração a sustentabilidade do ambiente.
Até ao ano passado, a feira foi realizada na Praça Dom Luís e esta edição acontece nas dependências da Enapor visto que o número de expositores tem aumentado a cada ano, segundo a organização.
Mostrando que, apesar de pouco chover e da quase inexistência de pastagens para a criação de gado na ilha de São Vicente, é possível fazer queijo, a veterinária Nidia Araújo apresenta pela segunda vez no evento este negócio familiar.
“São Vicente tem uma grande tradição na produção de queijo que vende todos os dias no mercado e viemos aproveitar esta experiência para criar novos produtos devido à sazonalidade que temos sempre nesta terra do turismo, fomos achando outras alternativas para o uso do leite”, explicou a veterinária.
De uma empresa que nasceu com apenas quatro cabras em 2009, a expansão ao longo dos anos tem resultado.
“Das quatro cabras, começámos a ter excedente de leite, passámos a produzir queijo, depois enveredámos mais para o fabrico e menos para a produção de leite. Compramos de vários produtores da ilha, para transformar em diferentes produtos, desde queijo, doces, vendemos leite, kefir e assim começámos já a fazer conserva de produtos, como tamarino e tâmaras”, explicou a jovem veterinária.
A quarta edição da Feira de Oportunidades teve início na terça-feira e decorre até sábado, com participação de empresas e instituições cabo-verdianas de diferentes sectores, num espaço improvisado, entre os contentores da Enapor.
Para o ministro da Cultura e das Indústrias Criativas, Abraão Vicente, estas exposições são importantes para dar a conhecer os micro empreendedores das ilhas, para preencher algumas lacunas no mercado.
“Sempre que há necessidade de um serviço ou produto no mercado, há necessidade de um micro empreendedor ou de uma pequena empresa para colmatar esta falta”, frisou o governante na abertura do evento, alertando para as dificuldades das pequenas empresas em conseguir ganhar o mercado.