O responsável, que falava num briefing sobre as perspectivas económicas do FMI para a África Subsariana, acredita que o acordo entre os dois países tem o potencial de ajudar Cabo Verde a aceder a verbas que permitam responder aos desafios das alterações climáticas.
“A chave estará na forma como é concebido e, em particular, na garantia de que o novo financiamento está em termos que irão realmente beneficiar Cabo Verde e não implicar despesas adicionais, o que deixaria o país numa posição em que poderá não ser capaz de beneficiar tanto dele”, comentou, questionado pelo Expresso das Ilhas.
“Portanto, dependerá muito dos pormenores deste acordo. Mas, sem dúvida, esta é uma das áreas de trabalho que esperamos desenvolver um pouco mais, para ver como podemos ajudar os países a enfrentar as ameaças que as alterações climáticas representam”, acrescentou.
Assinado em Junho do ano passado, o protocolo entre Cabo Verde e Portugal converte 12 milhões de euros de dívida cabo-verdiana àquele país europeu em financiamento para o Fundo Climático e Ambiental criado pelo governo. Se os resultados corresponderem às expectativas, Lisboa está disponível a alargar o mecanismo à totalidade da dívida, de cerca de 140 milhões de euros.
Cabo Verde é igualmente um dos países que já beneficia do novo Fundo Fiduciário para a Resiliência e Sustentabilidade (RST, na sigla em inglês), do FMI, com acesso a um montante máximo de 31,69 milhões de dólares, conforme aprovado em Novembro de 2023.
Selassie também destaca o objectivo da criação de fóruns para “discutir a obtenção de mais financiamento climático que possa ajudar a aliviar o fardo climático de Cabo Verde”.
Nas Perspectivas Económicas Mundias, lançadas a 30 de Janeiro, o FMI prevê para a África Subsaariana um crescimento de 3,8% este ano, em comparação com os 3,3% do ano passado. A inflação continua a desacelerar e deverá aproximar-se dos 6% em 2024, quatro pontos percentuais abaixo das estimativas para 2023.
O Fundo encara como “encorajador” o aumento no investimento nacional e estrangeiro ao longo do último ano, na região, e realça o “esforço árduo” dos países para estabilizarem a dívida pública, que estará agora nos 60% do PIB, depois de uma década de aumentos consecutivos.
A nível global, o Fundo Monetário Internacional (FMI) espera até Dezembro um crescimento de 3,1% da economia mundial, 0,2% acima da previsão anterior, de Outubro de 2023. A previsão para 2025 segue inalterada nos 3,2%.