74% dos CEO cabo-verdianos acreditam que os seus negócios se manterão viáveis na próxima década

PorJorge Montezinho,24 mar 2024 8:33

A PwC realiza anualmente, a nível global, um inquérito junto de milhares de CEOs das maiores empresas do mundo sobre as preocupações e tendências relevantes nas organizações. Este ano, pela primeira vez, Cabo Verde foi considerado neste inquérito, com mais de 30 respostas de CEOs cabo-verdianos. Maioria diz estar optimista com o futuro.

Numa comparação rápida entre as opiniões dos CEO de Cabo Verde com as dos CEOs a nível mundial, mais de metade dos CEO inquiridos em Cabo verde estão optimistas relativamente às perspectivas de crescimento mundial (38% a nível mundial), apesar da elevada preocupação com a inflação e os riscos cibernéticos. Quase metade (49%) dos executivos em Cabo Verde (39% a nível mundial) espera que o número de colaboradores da sua organização possa aumentar 5% ou mais, em 2024.

74% dos CEO inquiridos em Cabo Verde estão confiantes que os seus negócios continuarão viáveis por mais de 10 anos (53% a nível mundial), mesmo com as pressões tecnológicas e climáticas a acelerarem. Ainda assim, 26% dos CEO (45% a nível mundial) encontra-se apreensivo com a viabilidade dos seus negócios para além da próxima década, sem ter de se reinventar.

Principais preocupações

63% dos CEO cabo-verdianos considera que a sua organização está exposta a pelo menos uma das várias ameaças apresentadas: inflação, volatilidade macroeconómica, riscos cibernéticos, conflitos geopolíticos, alterações climáticas, entre outros. No topo das preocupações estão as ciberameaças (17%; 21% a nível mundial) e a inflação (17%; 24% a nível mundial).

Embora a trajectória seja positiva, a confiança é ainda frágil, sobretudo considerando o potencial impacto que a disrupção tecnológica – actualmente acentuada pela emergência da IA generativa – e a transição climática apresentam para as organizações.

A oportunidade da Inteligência Artificial

Embora a maioria dos CEO olhe para a Inteligência Artificial generativa (GenAI) como um elemento potenciador da sua reinvenção – que deverá impulsionar a eficiência e capacidade de inovação dos seus negócios – apenas 14% dos CEO em Cabo Verde mudaram a estratégia tecnológica da sua empresa devido à GenAI, nos últimos 12 meses.

Nos próximos três anos, 63% dos CEO em Cabo Verde (mundial: 70%) acredita que a utilização desta tecnologia irá mudar significativamente a forma como a sua organização cria, transmite e capta valor.

49% dos CEO cabo-verdianos (mundial:58%) esperam que, durante o próximo ano, se registe uma melhoria a qualidade dos seus produtos e/ou serviços, sendo que 43% (mundial: 48%) acredita que conseguirá aumentar a sua capacidade de construir confiança junto dos seus stakeholders.

Do mesmo modo, 49% dos executivos (mundial: 41%) esperam que a GenAI tenha um impacto positivo nas suas receitas, e 40% (mundial: 46%) esperam que isso tenha um impacto positivo nos seus lucros.

Embora os CEO cabo-verdianos estejam, cada vez mais, atentos aos benefícios transformadores da IA generativa, 57% (69% a nível mundial) afirma que será necessário melhorar as competências dos seus colaboradores. Adicionalmente, existe uma preocupação associada ao aumento dos riscos da cibersegurança (Cabo Verde: 54%; Mundial: 64%), à desinformação (Cabo Verde: 54%; Mundial: 52%), às responsabilidades legais e riscos reputacionais (Cabo Verde: 34%; Mundial: 46%) e ao preconceito face a grupos específicos de clientes/colaboradores (Cabo Verde: 31%; Mundial: 34%).

Transição climática

À medida que os CEO definem as suas prioridades para 2024, muitos olham para o tema da transição climática como um factor que encerra em si vários riscos, mas também múltiplas oportunidades. 23% dos CEO cabo-verdianos têm expectativas de que as alterações climáticas possam alterar a forma como as suas organizações criam, oferecem e captam valor (Mundial: 30%), nos próximos 3 anos, no entanto, apenas 11% referem já ter esta expetativa nos últimos 5 anos (Mundial: 22%).

Relativamente aos compromissos ambientais, os CEO Cabo Verdianos consideram estar a fazer progressos. 80% (76% a nível mundial) já iniciaram, ou concluíram, medidas para melhorar a eficiência energética da sua actividade, enquanto, 60% (58% a nível mundial) referiram ter feito progressos no desenvolvimento de produtos, serviços e/ou tecnologias inovadoras e ecológicas.

Por outro lado, 34% referem ter progressos, ou concluído, a integração dos riscos climáticos no seu planeamento financeiro (Mundial: 45%), ainda que 26% refira não ter ainda planos para o fazer. As medidas de adaptação aos riscos climáticos físicos também estão em curso, ou concluídas, em 54% das organizações nacionais inquiridas (47% a nível mundial), com apenas 14% a indicar não ter planos para agir.

O imperativo da reinvenção

A quase totalidade dos CEO (97%) referiram que, nos últimos cinco anos, já tomaram medidas para melhorar a forma como criam, entregam e capturam valor e que, em 2023, 76% já tomaram pelo menos uma acção que teve um impacto significativo no modelo de negócios da sua organização. No entanto, os CEO dizem deparar-se com um conjunto considerável de desafios: os temas regulatórios, a escassez de competências e limitação de acesso a recursos financeiros são os três principais identificados em Cabo Verde.

Como resume Armando Rodrigues, Sócio responsável pela PwC em Cabo Verde: “os resultados de Cabo Verde mostram uma confiança dos gestores no futuro das suas empresas nos próximos 10 anos, assumindo os diversos factores de reinvenção, como a tecnologia, a regulação ou as alterações climáticas. Os CEO cabo-verdianos aparentam estar à frente no progresso das medidas relacionadas com acção climática, à medida que procuram transformar os seus modelos de negócio, investir em tecnologia, garantir o upskilling das competências das suas pessoas, e gerir os riscos e oportunidades da transição climática. Para que possam prosperar, a curto e longo prazo, as organizações devem saber criar confiança e gerar valor de forma sustentada, a longo prazo, devendo para tal acelerar o seu ritmo de reinvenção”.

A 27º edição do Global CEO Survey da PwC inquiriu 4702 líderes, em 105 países e territórios. O estudo contou com respostas em todos os territórios da PwC Portugal (Portugal: 81; Angola: 35; Cabo Verde: 35 e Moçambique: 32). 

Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1164 de 20 de Março de 2024.

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Autoria:Jorge Montezinho,24 mar 2024 8:33

Editado porDulcina Mendes  em  25 mar 2024 11:29

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