A última edição da Leadership Summit, na Praia, foi o palco escolhido por António Santos e Filipe Fernandes para darem a conhecer o trabalho da Windcredible.
A empresa, lê-se no site, “está a abordar a necessidade de produção descentralizada de energia em ambiente urbano utilizando a energia eólica, tornando-a acessível a todos”.
Ao Expresso das Ilhas, Filipe Fernandes explica que a empresa “é uma startup portuguesa focada no desenvolvimento de uma turbina eólica vocacionada para ambiente urbano. Sentimos uma grande lacuna no aproveitamento da energia à pequena escala. Portanto, procuramos perceber o que era a limitação tecnológica e arranjar uma solução. E, juntamente com a nossa equipa de desenvolvimento, temos uma turbina que é silenciosa, altamente eficiente, mesmo com ventos turbulentos, e produz pouca vibração”.
Criada em 2022 a WindCredible nasceu de um trabalho conjunto, “da junção de mim e do António, camaradas de armas na Guarda Nacional Republicana, juntamente com dois engenheiros, o Nelson que já era investigador doutorado e traz este desenvolvimento, esta propriedade intelectual para a nossa empresa e o Marvin Fernandes, engenheiro mecânico com quem desenvolvemos um protótipo conjuntamente”, refere Filipe Fernandes, CEO da Windcredible.
De 2022 para cá a empresa já desenvolveu quatro patentes e “há mais em desenvolvimento”, asseguram os responsáveis da empresa.
Os primeiros passos da empresa foram dados com o reaproveitamento de motores eléctricos de veículos como trotinetes, bicicletas eléctricas, “porque eles podem ser reaproveitados como geradores”, refere Filipe Fernandes que assegura que “com a junção do Nelson há aqui uma componente muito mais diferenciadora”.
Os próximos passos a serem dados por esta start-up passam pela “instalação do nosso modelo médio em projectos pilotos pré-comerciais com clientes como EDP, GALP, PRIO, Porto de Lisboa ou a Nestlé, em Portugal, para validarmos a tecnologia a esta escala, ver a eficiência e validar estes conceitos de ser silenciosa e produzir poucas vibrações”. Depois o objectivo é expandir para “uma produção mais massificada e procurar reduzir o custo do equipamento”.
Porquê Cabo Verde?
António Santos é o Chief Operating Officer (COO) da empresa. Nascido e criado em Lisboa é filho de cabo-verdianos e viu, em conjunto com os outros sócios, na edição deste ano da Leadership Summit não só a oportunidade de “conhecer a terra dos meus pais” como uma possibilidade de “mostrar o nosso projecto”.
“Chamaram-nos cá para virmos mostrar o nosso projecto” e por causa da aposta que o país está a fazer na área das energias renováveis.
“Cabo Verde tem as condições ideais para as energias renováveis. A questão do solar já está bem disseminada, bem implementada, então nós vamos agora começar com o eólico, também faz parte e precisa de ser aproveitado. Por isso trouxemos a nossa tecnologia para Cabo Verde. Era o passo seguinte”.
“Nós acreditamos que Cabo Verde poderá ser um tubo de ensaio para validar esta tecnologia a uma escala de comunidade de um país e temos essa grande vontade que este modelo vingue e faça sentido para o nosso país. O projecto para Cabo Verde poderá e deverá ser replicado para várias regiões no continente africano e há aqui uma proposta muito interessante. Dada a reduzida dimensão dos equipamentos, podermos apoiar na electrificação de comunidades remotas e distantes da rede e isso vai trazer claramente benefícios para a sociedade e para essas pessoas que não têm até à data de hoje a alternativa sustentável para terem energia” reforça Filipe Fernandes.
De momento, a empresa está a desenvolver três modelos de turbinas verticais. “O nosso mais pequeno está apto para actividades outdoor, para alimentar pequenos consumos. O nosso modelo médio para casas e para edifícios comerciais. Mas devemos desenvolver ao longo do tempo, um modelo mais vocacionado para a indústria, que já terá capacidade suficiente para ser interessante para combinar esta tecnologia com produção centralizada como um complemento, seja eólico, seja solar”.
O objectivo, concluem os dois empresários, é fazer em Cabo Verde “uma grande diferença na comunidade e nas pessoas” através de uma aposta no modelo dirigido ao mercado doméstico.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1173 de 22 de Maio de 2024.