Windcredible quer apoiar na electrificação de comunidades remotas e distantes da rede

PorAndré Amaral,25 mai 2024 12:17

Windcredible é uma empresa que trabalha na área das energias renováveis em Portugal e que, agora, aproveitando as raízes cabo-verdianas de um dos seus sócios, quer expandir-se para Cabo Verde.

A última edição da Leadership Summit, na Praia, foi o palco escolhido por António Santos e Filipe Fernandes para darem a conhecer o trabalho da Windcredible.

A empresa, lê-se no site, “está a abordar a necessidade de produção descentralizada de energia em ambiente urbano utilizando a energia eólica, tornando-a acessível a todos”.

Ao Expresso das Ilhas, Filipe Fernandes explica que a empresa “é uma startup portuguesa focada no desenvolvimento de uma turbina eólica vocacionada para ambiente urbano. Sentimos uma grande lacuna no aproveitamento da energia à pequena escala. Portanto, procuramos perceber o que era a limitação tecnológica e arranjar uma solução. E, juntamente com a nossa equipa de desenvolvimento, temos uma turbina que é silenciosa, altamente eficiente, mesmo com ventos turbulentos, e produz pouca vibração”.

Criada em 2022 a WindCredible nasceu de um trabalho conjunto, “da junção de mim e do António, camaradas de armas na Guarda Nacional Republicana, juntamente com dois engenheiros, o Nelson que já era investigador doutorado e traz este desenvolvimento, esta propriedade intelectual para a nossa empresa e o Marvin Fernandes, engenheiro mecânico com quem desenvolvemos um protótipo conjuntamente”, refere Filipe Fernandes, CEO da Windcredible.

De 2022 para cá a empresa já desenvolveu quatro patentes e “há mais em desenvolvimento”, asseguram os responsáveis da empresa.

Os primeiros passos da empresa foram dados com o reaproveitamento de motores eléctricos de veículos como trotinetes, bicicletas eléctricas, “porque eles podem ser reaproveitados como geradores”, refere Filipe Fernandes que assegura que “com a junção do Nelson há aqui uma componente muito mais diferenciadora”.

Os próximos passos a serem dados por esta start-up passam pela “instalação do nosso modelo médio em projectos pilotos pré-comerciais com clientes como EDP, GALP, PRIO, Porto de Lisboa ou a Nestlé, em Portugal, para validarmos a tecnologia a esta escala, ver a eficiência e validar estes conceitos de ser silenciosa e produzir poucas vibrações”. Depois o objectivo é expandir para “uma produção mais massificada e procurar reduzir o custo do equipamento”.

Porquê Cabo Verde?

António Santos é o Chief Operating Officer (COO) da empresa. Nascido e criado em Lisboa é filho de cabo-verdianos e viu, em conjunto com os outros sócios, na edição deste ano da Leadership Summit não só a oportunidade de “conhecer a terra dos meus pais” como uma possibilidade de “mostrar o nosso projecto”.

“Chamaram-nos cá para virmos mostrar o nosso projecto” e por causa da aposta que o país está a fazer na área das energias renováveis.

“Cabo Verde tem as condições ideais para as energias renováveis. A questão do solar já está bem disseminada, bem implementada, então nós vamos agora começar com o eólico, também faz parte e precisa de ser aproveitado. Por isso trouxemos a nossa tecnologia para Cabo Verde. Era o passo seguinte”.

“Nós acreditamos que Cabo Verde poderá ser um tubo de ensaio para validar esta tecnologia a uma escala de comunidade de um país e temos essa grande vontade que este modelo vingue e faça sentido para o nosso país. O projecto para Cabo Verde poderá e deverá ser replicado para várias regiões no continente africano e há aqui uma proposta muito interessante. Dada a reduzida dimensão dos equipamentos, podermos apoiar na electrificação de comunidades remotas e distantes da rede e isso vai trazer claramente benefícios para a sociedade e para essas pessoas que não têm até à data de hoje a alternativa sustentável para terem energia” reforça Filipe Fernandes.

De momento, a empresa está a desenvolver três modelos de turbinas verticais. “O nosso mais pequeno está apto para actividades outdoor, para alimentar pequenos consumos. O nosso modelo médio para casas e para edifícios comerciais. Mas devemos desenvolver ao longo do tempo, um modelo mais vocacionado para a indústria, que já terá capacidade suficiente para ser interessante para combinar esta tecnologia com produção centralizada como um complemento, seja eólico, seja solar”.

O objectivo, concluem os dois empresários, é fazer em Cabo Verde “uma grande diferença na comunidade e nas pessoas” através de uma aposta no modelo dirigido ao mercado doméstico. 

Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1173 de 22 de Maio de 2024.

Concorda? Discorda? Dê-nos a sua opinião. Comente ou partilhe este artigo.

Autoria:André Amaral,25 mai 2024 12:17

Editado porAndre Amaral  em  20 nov 2024 23:25

pub.

pub
pub.

Últimas no site

    Últimas na secção

      Populares na secção

        Populares no site

          pub.