Baseado no Relatório de Estabilidade Financeira (REF), a mesma fonte indicou que a qualidade da carteira de crédito também “melhorou ligeiramente” em comparação com o ano anterior.
No que se refere aos riscos das empresas, avançou que este item se deteriorou, refletindo em parte as dificuldades financeiras enfrentadas por empresas privadas, nomeadamente no segmento de construção e imobiliária comercial, além do aumento do risco de incumprimento de empresas públicas.
Enquanto que os riscos à estabilidade financeira relacionados com o sector segurador permaneceram baixos, devido à sua baixa representatividade no sistema financeiro nacional e aos mecanismos de transferência de riscos para resseguradoras internacionais, apesar da elevada interligação com o sector bancário, com uma concentração significativa de investimentos em ações de instituições de crédito.
No mercado de capitais, o documento refere que a capitalização bolsista aumentou, especialmente no segmento accionista, impulsionada pela valorização das acções de três das quatro empresas cotadas.
A nível do mercado obrigacionista o REF indicou uma diminuição no contributo para o financiamento da economia, devido à redução na emissão de obrigações corporativas e dívida interna pelo Tesouro.
Em 2023, prosseguiu, as infraestruturas do mercado financeiro em Cabo Verde funcionaram de forma “eficiente e segura”.
Por outro lado, o relatório informou também que o Sistema de Gestão de Depósitos e Liquidação (SGDL), gerido pelo BCV, assegurou a liquidação em tempo real das transações em moeda do Banco Central, garantindo níveis adequados de liquidez aos participantes e reduzindo o risco de insuficiência de fundos.
Acrescentou ainda, neste particular, que o SGDL e outras cinco infraestruturas do mercado financeiro foram avaliadas pelo BCV, no âmbito da promoção das melhores práticas internacionais na gestão de riscos, governança e continuidade de negócios, tendo-se confirmado a sua robustez.
O relatório aponta ainda que sector financeiro bancário teve um contexto externo desfavorável, que amplificou riscos e vulnerabilidades financeiras no sistema financeiro nacional de carácter idiossincrático, relacionadas com dependência externa e concentração no sector bancário.
Apontou ainda o nível de crédito em incumprimento, vulnerabilidade financeira das empresas, endividamento do estado, risco cibernético e riscos climáticos.
O BCV indicou, por outro lado, que os testes de stress realizados em 2023 revelam que o sector bancário nacional permanece vulnerável ao risco de crédito sectorial em situações de estresse, devido à “significativa concentração” de carteira em mutuários dos mesmos sectores económicos.
Apesar da liquidez estrutural, continuou a mesma fonte, algumas instituições poderiam enfrentar situações de estresse financeiro em caso de uma corrida aos depósitos.
Acrescentou ainda que os desenvolvimentos recentes no sector bancário e os exercícios de testes de estresse realizados sublinham a necessidade de práticas rigorosas de gestão do risco de crédito, monitorização das exposições de risco e reforço contínuo da base de capital e dos instrumentos de liquidez pelos bancos.
Por isso, o BCV garantiu que vai continuar a reforçar a actividade de monitorização dos riscos à estabilidade financeira.