"A perspectiva é boa" porque a época das chuvas registou níveis de precipitação acima da média, referiu Vanderley Rocha, representante dos produtores da matéria-prima na ilha de Santo Antão, que concentra boa parte dos campos e alambiques.
“Espera-se que a produção aumente consideravelmente porque a planta está a desenvolver-se melhor", descreveu, junto a um dos terrenos.
“Estamos a preparar-nos para começar os cortes e a produção, em Janeiro. Não sei se a qualidade será superior, mas já posso afirmar que a quantidade será", acrescentou, indicando também que, com a presença de turistas na ilha, as vendas de grogue aumentam consideravelmente.
Vanderley Rocha referiu que a produção da bebida típica enfrenta desafios, nomeadamente, a diminuição do consumo interno.
"Com o aumento dos preços dos alimentos, as pessoas têm priorizado outras necessidades e cortado no grogue, que não é considerado de primeira necessidade", explicou Rocha, acrescentando que, desde a pandemia, se tem notado esse declínio.
O representante dos produtores defendeu ainda ajustes na legislação que regula a colheita da cana, sugerindo que, devido à tendência para amadurecer mais cedo, se antecipe o calendário de corte para Dezembro.
Mas, na ilha de Santiago, o produtor Manuel Mendonça prefere apanhar a cana “a partir de Fevereiro”, o mês da maturação ideal nos terrenos do concelho de São Domingos.
"Para fazer um bom grogue, tudo depende da qualidade da cana: tem de estar madura", referiu, indicando que a expectativa é de que “a produção aumente, no próximo ano".
Com uma boa produção, espera igualmente que as vendas corram de feição entre turistas e emigrantes, os tradicionais compradores.
"Eles compram, para levar. No verão há mais emigrantes, mas os turistas chegam todos os dias", descreveu.
Cabo Verde tem 388 alambiques para produção de grogue, com mais de um quarto (99) concentrados no concelho da Ribeira Grande, em Santo Antão, segundo dados da Inspecção Geral das Actividades Económicas (IGAE).
Uma lei aprovada em 2015 passou a regular a produção e comercialização com obrigações ligadas à higiene, protecção do meio ambiente, promoção da saúde pública, direitos dos consumidores e dos produtores.
Dados de 2017 da IGAE apontavam para uma produção de 1,7 milhões de litros nas unidades certificadas.