Quais os planos que tem para o iibCV para o curto/médio prazo?
O iib está em Cabo Verde há sete anos e tem-se focado em fazer de Cabo Verde um hub de negócios da África Ocidental e em desenvolver formas inovadoras de financiar a economia local, com novas oportunidades de investimento e de crescimento.
Contamos com uma equipa altamente qualificada, que tem sido o motor do nosso sucesso. O seu valor e excelência são reconhecidos por clientes e demais stakeholders que em nós confiam os seus investimentos.
O iib Cabo Verde é um banco único, com uma visão estratégia extraordinária. É isso que queremos continuar a transpor para a economia nacional, sobretudo naquela que é a nossa área de especialidade: o mercado de capitais. No médio prazo, continuaremos a posicionar-nos como um verdadeiro parceiro das empresas e dos empreendedores no apoio a projetos com impacto na comunidade.
Pela nossa vincada vertente internacional, queremos continuar a apoiar a internacionalização da economia, mas também a diáspora cabo-verdiana, com produtos adequados às suas necessidades de poupança e de investimento.
Diria que o iibCV está em Cabo Verde com uma missão clara: contribuir para o desenvolvimento e para a melhoria da qualidade de vida da sociedade, das nossas pessoas e das suas famílias, impulsionar o crescimento sustentável, assente em princípios rigorosos de governança e responsabilidade social. E é exactamente esta a missão que queremos continuar a cumprir no futuro.
Onde gostaria de ver o banco nos próximos 5 anos?
Estou certo de que iremos continuar o nosso caminho de afirmação, a abrir as portas do país para o mundo e a tornar Cabo Verde num centro nevrálgico de negócios – tanto com outros países africanos como com a Europa e com a América.
Sabemos que o sector bancário nacional é pequeno e tem vários intervenientes, cada um com as suas mais-valias. Acredito que a nossa natureza global nos distingue e vai permitir-nos continuar a atrair investimento, a acrescentar valor à economia cabo-verdiana, enquanto apoiamos a expansão além-fronteiras de negócios com raízes locais. Diria, portanto, que gostaria que o iibCV continuasse associado à concretização de projetos e de sonhos, pessoais e empresariais.
Continuaremos focados no serviço de excelência que nos trouxe até aqui e que fez com que o banco fosse considerado “Great Place to Work” por quatro anos consecutivos, um reconhecimento da nossa excelência enquanto empresa para trabalhar. É meu desejo que assim continue a ser e é nesse sentido que trabalharemos.
A responsabilidade social é e continuará a ser uma prioridade. Ao longo dos últimos anos, criámos diferentes oportunidades de apoio às comunidades, promovendo a literacia financeira e o investimento em projetos sociais. Iniciativas como as Obrigações Azuis, para o financiamento de projetos estruturais ligados à economia azul, as Obrigações Sociais, que apoiaram as Aldeias Infantis SOS Cabo Verde, e as Obrigações Verdes, que patrocinaram a implementação do projeto de transição energética no Hospital Universitário Agostinho Neto, o maior hospital do país, continuarão a estar no nosso radar, bem como outras de apoio à saúde e também, em especial, à educação dos nossos jovens.
Na sua opinião, o que diferencia o iibCV dos outros bancos de Cabo Verde?
O facto de fazer parte de um grupo bancário internacional dá ao iibCV capacidade para apresentar produtos inovadores que, a cada momento, melhor respondam às necessidades e aos interesses dos seus clientes. Dou um exemplo: lançámos recentemente a plataforma de Abertura de Conta Online, um serviço único entre bancos que operam no país e que responde à crescente digitalização do mercado e ao aumento da procura por serviços bancários mais rápidos e acessíveis. E esta necessidade não é só interna, coloca-se também além-fronteiras. O que significa que, ao proporcionarmos a digitalização da abertura de conta chegamos mais facilmente aos nossos emigrantes que agora podem abrir conta em Cabo Verde a partir de qualquer lugar. Lançámos também um produto de poupança único, a pensar na diáspora cabo-verdiana, com uma taxa de juro anual muito acima das praticadas nos mercados nacional e internacional. Desta forma, ao mesmo tempo que apoiamos a poupança dos nossos emigrantes, ajudamo-los a investir no país de origem.
A nossa matriz internacional dá-nos uma visão mais abrangente, não só das oportunidades, mas principalmente das soluções que podemos oferecer. No fim do dia, são elas que nos distinguem dos restantes players do sector bancário cabo-verdiano e que podem atrair e fidelizar clientes.
Quais são os principais objetivos que pretende alcançar no seu mandato?
Consolidar o iibCV como banco de referência, que oferece soluções financeiras diferenciadas e perfeitamente adaptadas às necessidades dos clientes.
Nos últimos anos, testemunhámos uma performance excepcional do iibCV, que nos permitiu que nos afirmássemos como uma instituição de excelência e inovação. Esse reconhecimento traz consigo uma responsabilidade acrescida, que nos motiva e que exige da equipa a máxima dedicação.
Por isso, com total seriedade e entusiasmo, assumimos o firme compromisso de continuar a construir um banco único, ágil e inovador, que impulsiona a economia cabo-verdiana, fortalece as empresas e apoia as famílias do país.
Como planeia impulsionar o crescimento do banco?
Os colaboradores são os grandes responsáveis pelos nossos elevados padrões de qualidade. Parece um lugar-comum, mas os profissionais fazem realmente a diferença numa instituição e, no caso do iibCV, são eles que proporcionam ao cliente uma boa experiência, assente num atendimento cuidado que é reconhecido por todos os que lidam com o banco diariamente. Manter e, até, aumentar a aposta na qualificação dos nossos recursos humanos é, portanto, essencial para atrair, desenvolver as competências dos colaboradores e reter os melhores talentos, promovendo uma cultura organizacional de progressão pelo mérito, de inclusão social e de excelência.
Além disso, a atenção que damos ao cliente permite-nos antecipar as necessidades de um mercado em constante evolução e será decisiva na nossa crescente afirmação enquanto parceiro de confiança dos cabo-verdianos. Quero acreditar que, fazendo bem o nosso trabalho de ouvir as pessoas e de perceber as suas necessidades, seremos capazes de responder à procura por maior rapidez, eficiência e segurança nas operações bancárias.
Que inovações considera essenciais para o futuro do banco?
Inovar no setor bancário deve partir sempre da premissa da simplificação de processos. Os clientes procuram conveniência na interação com o banco, segurança nas transações e confiança na forma como os seus investimentos são geridos. Essas exigências levam-nos a procurar sempre melhores soluções, como quem está permanentemente insatisfeito. Não tenho dúvidas de que o caminho passa por oferecer uma experiência cada vez mais personalizada, que beneficie dos desígnios da era tecnológica em que vivemos.
Para além disso, sendo realista e estando ciente de que não somos imunes ao que se passa no mundo, tenho como certo que nenhum banco sobreviverá se não tiver como pilar fundamental a preocupação com as gerações futuras. No iibCV essa preocupação manifesta-se na importância que damos à sustentabilidade do planeta e nas iniciativas de responsabilidade social que levamos a cabo junto da população, envolvendo sempre os colaboradores. Acreditamos que é com essa intervenção directa que fazemos um país prosperar. Por essa razão, é essencial continuar também a inovar nas acções que implementamos em Cavo Verde, junto da comunidade. Nos últimos anos, impactámos mais de 70.000 vidas e esperamos continuar a impactar, positivamente, muitas mais nos anos que se seguem.
O que propõe para melhorar a experiência do cliente?
Graças à evolução tecnológica, a tendência será tornar a experiência do cliente cada vez mais ágil, acessível e personalizada. A combinação entre a necessidade do cliente e a oferta de soluções digitais cada vez mais refinadas fará com que se avance no sentido de produtos e serviços que ofereçam três garantias: comodidade, eficiência e segurança.
No iibCV, a prioridade é assegurar que todos os clientes interagem connosco de forma fluida e integrada, seja através do mobile banking, internet banking, atendimento presencial ou canais de suporte digital. Na prática, trata-se de aplicar o conceito multicanal, ou seja, integrar todos os canais de comunicação da instituição, fazendo convergir o mundo físico e o digital. O objectivo é oferecer uma experiência coerente e contínua, independentemente do canal utilizado.
Vamos investir na formação contínua da nossa equipa, assegurando um atendimento de alta qualidade e de proximidade, alinhado com as melhores práticas do setor. Manteremos também um canal de comunicação aberto e proativo, ouvindo activa e atentamente as necessidades dos nossos clientes e ajustando os nossos serviços.
Cada vez mais queremos proporcionar uma experiência bancária diferenciada, onde a inovação e o atendimento personalizado caminham lado a lado para oferecer uma resposta à medida de cada cliente. É esse o nosso propósito e compromisso.
Quais considera serem os maiores desafios para o sector bancário em Cabo Verde?
O sector bancário em Cabo Verde enfrenta um contexto desafiador, marcado por riscos estruturais e externos, que exigem respostas estratégicas. Embora o sistema bancário se mantenha estável e bem capitalizado, a necessidade de adaptação a um ambiente económico em transformação requer esforços contínuos de modernização e resiliência.
Entre os principais desafios, destaca-se a necessidade de procurar novas formas de financiamento, garantindo a estabilidade financeira do mercado bancário e reduzindo a dependência de fontes tradicionais. A digitalização do sector surge como um pilar fundamental para aumentar a eficiência e promover a inclusão financeira, exigindo investimentos estratégicos e um reforço da segurança cibernética.
O apoio às Pequenas e Médias Empresas (PME) também se revela essencial, uma vez que estas são um motor da economia cabo-verdiana, mas continuam a enfrentar dificuldades no acesso ao crédito. Melhorar os mecanismos de financiamento e criar soluções ajustadas à realidade das PME contribuirá para um crescimento económico mais sustentável.
Além disso, a resiliência do sector bancário a choques externos deve ser reforçada, tendo em conta a vulnerabilidade da economia cabo-verdiana a fatores como a flutuação no turismo, as mudanças no panorama global e os riscos climáticos. A diversificação da economia e das fontes de financiamento será fundamental para mitigar estes riscos e assegurar a estabilidade do sistema financeiro.
O sector bancário cabo-verdiano encontra-se numa fase crucial de transformação, onde a inovação, a digitalização, o fortalecimento das PME e a gestão eficaz dos riscos serão determinantes para garantir um futuro sustentável e resiliente.
Como pensa o iibCV transformar os desafios em oportunidades?
No iibCV, encaramos os desafios como catalisadores de inovação e de crescimento. A digitalização, por exemplo, sendo um desafio representa, simultaneamente, uma oportunidade estratégica para tornar os processos mais eficientes, melhorar a experiência do cliente e ampliar o acesso aos serviços financeiros, garantindo maior inclusão e conveniência.
Além disso, apostamos continuamente no desenvolvimento de produtos financeiros inovadores, adaptados às necessidades do mercado, com o intuito de fortalecer as empresas e de as tornar mais competitivas. Fomos pioneiros em soluções disruptivas, como os Sustainable Bonds e o Credit Linked Note, reconhecidos pelo mercado como ferramentas diferenciadoras para captação de recursos e gestão de risco.
O actual contexto também nos convoca a reforçar parcerias estratégicas, tanto a nível nacional como internacional. Aceitamos o desafio de contribuir para que Cabo Verde esteja mais bem integrado nas plataformas financeiras globais.
Qual é a sua visão sobre a responsabilidade social do iibCV?
Diria que a responsabilidade social está no DNA do iibCV. É uma espécie de marca de água da instituição, com expressão em três áreas-chave que consideramos cruciais para o desenvolvimento de uma sociedade: Saúde, Educação e Ambiente.
Fomos vanguardistas na introdução de produtos financeiros sustentáveis, como as Obrigações Sociais, as Azuis e as Verdes, que alinham o investimento com os impactos sociais e ambientais positivos, como a transição e a eficiência energética; a gestão de água e resíduos; o acesso a financiamento a particulares e pequenas empresas do setor marítimo e pesqueiro; o desenvolvimento do transporte marítimo inter-ilhas; a educação, saúde e bem-estar de crianças e jovens em situação de risco, entre tantos outras nobres causas.
Além das iniciativas já mencionadas, construímos uma forte parceria com o Ministério da Educação, atribuímos já diversas bolsas de mérito, bem como estágios remunerados aos melhores alunos, levámos a alegria do Natal às crianças da ala pediátrica do Hospital Universitário Agostinho Neto e contámos com os nossos colaboradores nas mais diversas causas, como campanhas de doação de sangue, informatização de escolas, entre outras iniciativas por eles selecionadas.
Esta abordagem reflecte a nossa visão de uma banca responsável, que não se limita a gerar valor financeiro, mas que também se dedica à comunidade onde está inserida e contribui para o crescimento sustentável do país.
Esta nova geopolítica obriga a alguma mudança de estratégia?
É um facto que o mundo vive tempos de incerteza e intolerância. Apesar disso – e da vigilância que requerem as tensões e as alianças a que assistimos todos os dias e que envolvem as grandes potências económicas à escala global – Cabo Verde vive um contexto de estabilidade económica, com boas perspetivas de desenvolvimento.
Sabemos que qualquer crise mundial terá impactos no país e é por isso que seguimos com os nossos planos de forma optimista, mas cautelosa, como até aqui, para evitar surpresas ou interrupções indesejadas na nossa trajetória de crescimento.
Como lidam com a instabilidade global?
Com realismo, responsabilidade e maturidade. Creio que na história do grupo, tal como na história da sua presença em Cabo Verde, o iib tem dado provas concretas da sua capacidade de enfrentar momentos de incerteza e instabilidade, tanto na esfera política como económica.
Creio que a robustez das nossas políticas e dos nossos sistemas, evidenciados em momentos críticos, dão (tanto a nós como aos nossos clientes) a confiança necessária para enfrentar o que quer que o futuro nos reserve.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1221 de 23 de Abril de 2025.