Nem cloroquina nem remdesivir. OMS diz que nenhum desses medicamentos salvou vidas contra a covid-19

PorExpresso das Ilhas,25 out 2020 8:24

Dados do ensaio Solidarity, o maior estudo feito até agora com quatro drogas em 32 países, confirmam que esses tratamentos não reduzem a mortalidade em pacientes hospitalizados

Desde os primeiros dias da pandemia, a urgência em dar alguma coisa aos pacientes levou médicos a usarem fármacos concebidos para outras doenças, na esperança de que pudessem também funcionar contra a enfermidade provocada pelo novocoronavírus, o SARS-CoV-2. Mas, de acordo com o El País, o maior estudo feito até agora sobre quatro destes tratamentos acaba de demonstrar que nenhum deles salva vidas de pacientes com covid-19,anunciou a Organização Mundial da Saúde (OMS) quinta-feira passada.

Oensaio Solidarity da OMS tratava de provar a eficácia contra o SARS-CoV-2 dos antimaláricos cloroquina e hidroxicloroquina, o coquetel antiviral remdesivir, lopinavir e ritonavir, usados contra o HIV, e o interferon. Nenhum desses produtos demonstrou efeitos significativos na redução da mortalidade dos pacientes hospitalizados após 28 dias de tratamento, confirmou a OMS em nota.

O Solidarity foi um ensaio com pacientes, único na sua classe tanto por suas dimensões como pela rapidez com que foi feito. Analisou a evolução de mais de 11.200 pessoas em 400 hospitais de 32 países. Os doentes foram seleccionados de forma aleatória para receber só os cuidados normais ou, adicionalmente, algum dos tratamentos mencionados.

“Nenhum dos medicamentos estudados reduziu a mortalidade em nenhum subgrupo de pacientes nem teve efeitos na iniciação da respiração artificial ou duração da internação hospitalar”, afirma o estudo sobre o ensaio,que foi publicado na Internet e está sendo revisto por especialistas para ser incluído em uma publicação médica especializada, segundo a OMS.

Estes resultados são o último prego no caixão de tratamentos que foram alardeados por políticos apesar da ausência de provas da sua eficácia caso especialmente dacloroquina e da sua derivada hidroxicloroquina. Estes medicamentos foram qualificados como “revolucionárias” por líderes como Donald Trump nos primeiros momentos da pandemia.O estudo demonstra, porém, que estes remédios não oferecem nenhum efeito positivo, e inclusive é possível que sejam contraproducentes para muitos doentes.

Agora, os resultados definitivos do Solidarity mostram não só que não há eficácia como também que é ligeiramente maior o número de mortos no grupo de doentes que receberam estes fármacos, em relação ao grupo de controlo.

No caso doremdesivir, um antiviral desenvolvido contra o ebola pelo laboratório farmacêutico Gilead, os resultados abrem uma importante incógnita, pois o fármaco foi aprovado para seu uso tanto nosEstados Unidos como na Europa de forma temporária enquanto eram pesquisados dados sólidos sobre sua eficácia.

Com estes resultados, os únicos medicamentos que demonstraram eficácia contra a covid-19 até agora são a dexametasona e outros corticoides, que reduzem a mortalidade dos pacientes em estado grave. A OMS explica que os mais de 400 hospitais do ensaio Solidarity já estão provando a eficácia de novos antivirais, imunomoduladores e anticorpos monoclonais.

 Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 986 de 21 de Outubro de 2020. 

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Autoria:Expresso das Ilhas,25 out 2020 8:24

Editado porSara Almeida  em  29 jul 2021 23:21

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