Cerca de 99% da população do planeta respira ar com níveis de poluição que excedem os limites considerados aceitáveis, de acordo com a base de dados sobre a qualidade do ar da Organização Mundial da Saúde (OMS), citada pelo jornal Público. As pessoas que vivem nos países de baixos rendimentos são as mais expostas à poluição por partículas finas e dióxido de azoto, que põem em risco a sua saúde e causam mortalidade prematura.
Um número recorde de seis mil cidades em 117 países faz agora medições sobre a qualidade do ar. O relatório actualizado para 2022 da base de dados sobre a qualidade do ar da OMS inclui dados relativos ao período entre 2010 e 2019 destas mais de 6000 cidades sobre poluentes como partículas finas PM 10 e PM 2,5 (ou seja, com um diâmetro de 10 ou 2,5 micrómetros [milionésimo de metro]) e dióxido de azoto. Estes dois tipos de poluição estão relacionados com o uso de combustíveis fósseis e estão associadas a várias doenças respiratórias, cardiovasculares e cerebrovasculares.
As partículas PM 2,5 são suficientemente pequenas para conseguirem penetrar profundamente nos pulmões e entrar na corrente sanguínea, provocando doenças respiratórias e até acidentes cardiovasculares. Há também cada vez mais indícios de que afectam outros órgãos, causando outro tipo de doenças.
As regiões de África e do Pacífico Ocidental da OMS têm níveis quase oito vezes mais elevados destas partículas na atmosfera do que o recomendado pelas linhas orientadoras da agência das Nações Unidas.
Quanto ao dióxido de azoto, está associado a doenças respiratórias, em particular a asma, e a sintomas respiratórios somo tosse, pieira e dificuldade em respirar. Está por trás de muitos internamentos e idas a emergências hospitalares. Nos países de baixos e médios rendimentos, os níveis de dióxido de azoto (NO2) são 1,5 vezes mais elevados do que nos países mais ricos.
A poluição atmosférica mata pelo menos sete milhões de pessoas de forma prematura todos os anos.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1063 de 13 de Abril de 2022.