Carles Puigdemont “não está em condições de se apresentar como candidato, […] uma pessoa que está a ser procurada pela polícia” não pode ser investido como Presidente do Governo catalão, disse hoje a vice-presidente do executivo espanhol, Soraya Sáenz de Santamaría, em conferência de imprensa no final do Conselho de Ministros.
Madrid avança com o recurso apesar do parecer desfavorável dado pelo Conselho de Estado espanhol, que em Espanha é o supremo órgão consultivo do executivo, limitando-se a dar opiniões fundamentadas sobre a questão solicitada ou a propor outra solução adequada.
No seu parecer de quinta-feira, o Conselho de Estado considera que não há razões para impugnar neste momento a candidatura de Carles Puigdemont, quando ainda não se sabe se se vai apresentar em pessoa no parlamento regional para ser investido.
O novo presidente do parlamento catalão, Roger Torrent, propôs no início da semana em Barcelona o nome do líder separatista Carles Puigdemont para voltar a dirigir o Governo da Catalunha, apesar de todos os obstáculos jurídicos que isso implica.
Roger Torrent, um independentista empossado há duas semanas, quando prometeu privilegiar o “diálogo” entre as forças parlamentares, tomou esta decisão depois de se ter encontrado com todos os partidos com assento na assembleia regional.
O presidente do parlamento regional marcou a sessão de investidura de Carles Puigdemont para as 15:00 da próxima terça-feira, 30 de Janeiro.
O bloco de partidos independentistas tem a maioria dos assentos no parlamento da Catalunha e o primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, tem repetido que Madrid irá manter a sua intervenção na Catalunha no caso de Carles Puigdemont tentar regressar ao poder na região.
Os dois principais partidos independentistas catalães - o Juntos pela Catalunha (centro direita) e a Esquerda Republicana da Catalunha - apoiam a candidatura de Puigdemont para a presidência do Governo regional (Generalitat).
Carles Puigdemont é acusado pela procuradoria-geral espanhola de delitos de rebelião, sedição e peculato na sequência da tentativa de criar um estado independente de Espanha.
Se o ex-presidente regional regressar a Espanha será imediatamente preso e no caso de continuar em Bruxelas terá de ser investido à distância, o que os serviços jurídicos do parlamento regional já consideraram ser contrário à Constituição.
As eleições catalãs de 21 de Dezembro foram convocadas pelo chefe do Governo espanhol no final de Outubro, no mesmo dia em que decidiu dissolver o parlamento da Catalunha e destituir o executivo regional presidido por Carles Puigdemont por ter dirigido o processo