O ex-presidente do Brasil foi acusado, a 24 de Janeiro, em segunda instância, a 12 anos e um mês de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Numa análise ao processo no Panorama 3.0, da Rádio Morabeza, Carlos Alberto Almeida, afirma que a situação é complexa, imprevisível e abre perspectivas de agravamento da instabilidade política no país.
“Ele está em todas as pesquisas de opinião liderando para a eleição presidencial de Outubro, ganha em todos os formatos, qualquer que seja o adversário. Então, abre uma perspectiva de muita instabilidade política no Brasil, porque prender alguém que está liderando, sendo que a prova do crime de que é acusado, de ter recebido um apartamento como propina, até agora não apareceu, criou uma situação muito atípica”, explica.
Questionado sobre a viabilidade da candidatura de Lula da Silva às eleições de Outubro, o jornalista brasileiro afirma que esta hipótese ainda não está afastada.
“É possível, porque ele ainda não teve a sua candidatura impugnada, ou seja não lhe foi proibida ainda. Ele não está preso, pode vir a ser preso mas ainda assim ele poderia lançar a candidatura que só será impedida quando for condenado pela lei da ficha limpa, o que é algo que pode acontecer”, afirma.
O Brasil continua a ser um país profundamente dividido. Sobre o que poderá sair das próximas eleições, Carlos Alberto Almeida afirma que ainda é uma incógnita.
“O Brasil que pode sair das urnas, com a participação de Lula, será um Brasil que recupere aquele projecto de integração latino-americano, de um protagonismo junto ao mundo. Agora, se o Lula não participa e se de facto há interferências eleitorais e até uma mudança de regime, que se cogita eventualmente, há por exemplo o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que tem interesse pela criação de um presidencialismo de ocasião, então o Brasil é incógnita atrás de incógnita”, assinala.
A actual crise económica no Brasil teve início em meados de 2014 e foi acompanhada e intensificada por uma crise política que resultou em protestos contra o governo por todo o país. Com a saída da Dilma, tomou posse o então vice-presidente Michel Temer, do Partido do Movimento Democrático Brasileiro. Temer é também alvo de processos judiciais.