"Estive agora com o ex-presidente Lula. Ele está bem, embora indignado com a situação", afirma o advogado Cristiano Zanin Martins, num vídeo publicado no domingo na rede social Facebook e citado pelo portal de notícias da Globo, G1.
O causídico, que terá sido a única visita de Lula da Silva no primeiro dia de cumprimento da pena de 12 anos e um mês de prisão, adianta que "evidentemente" a "prisão foi decretada sem que houvesse fundamento jurídico".
"Continuamos com as medidas jurídicas cabíveis para reverter essa prisão e termos expectativa de que num futuro próximo possamos reverter", refere ainda o advogado.
Lula da Silva, que sempre se declarou inocente, foi considerado culpado dos crimes de corrupção e branqueamento de capitais, por ter alegadamente recebido um apartamento de luxo na cidade do litoral do Guarujá como suborno da construtora OAS, uma das empresas envolvidas nos escândalos da Operação Lava Jato.
Na madrugada de quinta-feira, o Supremo Tribunal Federal (STF) negou um 'habeas corpus' apresentado pela defesa de Lula da Silva, que visava evitar a sua prisão antes de se esgotarem os recursos na Justiça.
Na sequência da decisão do STF, o juiz federal Sérgio Moro decretou a prisão de Lula da Silva e deu como prazo a tarde de sexta-feira para o ex-Presidente brasileiro se apresentar voluntariamente à Polícia Federal na cidade de Curitiba, no Estado do Paraná, sul do Brasil.
No sábado, quase 26 horas depois do prazo dado pelo magistrado, Lula da Silva saiu a pé, rodeado de seguranças, do Sindicato dos Metalúrgicos onde se encontrava desde quinta-feira, em São Bernardo do Campo, no Estado de São Paulo, para se entregar à Polícia Federal (PF).
Luiz Inácio Lula da Silva, 72 anos, foi o 35.º Presidente do Brasil (2003-2011) e é o primeiro ex-chefe de Estado condenado por um crime comum.
Entretanto, o Partido dos Trabalhadores, num comunicado citado pela agência Efe, informa que no seu primeiro dia na prisão Lula da Silva esteve totalmente isolado e o seu único contacto foi com o advogado Cristiano Zanin Martins.
"Dormiu tranquilamente e não foi maltratado pelos agentes. Permanece sereno e tranquilo", refere a nota do PT, partido que Lula da Silva ajudou a fundar em 1980 e que convocou manifestações em todo o país para exigir a libertação do ex-chefe de Estado, candidato às eleições presidenciais de Outubro e cujas sondagens lidera.
O PT anunciou também que vai manter uma vigília permanente nas imediações da sede da PF, para exigir a sua libertação, assim como para defender o direito de Lula da Silva a disputar aquele sufrágio.