Haddad, apontado como provável substituto de Lula como candidato do Partido Trabalhista (PT) à presidência do Brasil, é acusado de receber 2,6 milhões de reais (quase um milhão de euros à taxa de câmbio de então) de uma construtora "para pagar uma dívida na campanha eleitoral de 2012", o que lhe permitiu garantir o lugar de prefeito de São Paulo, segundo um documento do MP publicado na terça-feira.
A empresa em questão, a UTC Engenharia, esperava, em troca, obter favores na obtenção de contratos públicos, pode ler-se na acusação.
O serviço de assessoria de imprensa de Fernando Haddad, de 55 anos, já reagiu em comunicado, criticando o que considera ser uma acusação "sem provas", baseada na denúncia de um executivo da empresa "que conta histórias de acordo com os seus interesses".
O executivo da empresa em causa tinha sido condenado por corrupção e fez um acordo de colaboração com a Justiça brasileira, na esperança de uma remissão da pena.
No comunicado da assessoria também se manifesta estranheza pelo facto do caso ter surgido precisamente durante o período eleitoral e sublinha-se que Haddad "frustrou os interesses da UTC Engenharia no segundo mês de mandato", ao ordenar a suspensão da construção de um túnel cujo trabalho teria sido sobrefacturado.
Candidato à vice-presidência na candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva, que foi invalidada na sexta-feira pelo Tribunal Superior Eleitoral, Fernando Haddad, ex-ministro da Educação e ex-presidente da Câmara de São Paulo, tem sido apontado como o provável substituto de Lula como candidato à presidência do Brasil pelo PT.
Lula, 72 anos, continua à frente das intenções de voto para a eleição de outubro, apesar de estar na prisão desde abril, cumprindo pena de 12 anos e um mês de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro.
A legislação brasileira proíbe que se candidatem a cargos públicos os condenados em segunda instância por um tribunal coletivo, como é o caso do ex-Presidente, uma medida de combate à corrupção criada pelo próprio Lula da Silva em 2010.