Os são-tomenses vão eleger os 55 lugares da Assembleia Nacional, as lideranças das seis câmaras distritais da ilha principal e o novo governo regional da ilha do Príncipe.
As 247 assembleias de voto em todo o país abrem às 07:00 e encerram às 18:00, estando inscritos um total de 97.274 eleitores.
Eleito em 2014 com maioria absoluta na Assembleia Nacional (33 deputados em 55), o primeiro-ministro cessante, Patrice Trovoada (Ação Democrática Independente), insistiu, ao longo da campanha eleitoral, na necessidade de renovar o mandato, pedindo para ir “mais além” e prosseguir o trabalho que reconheceu não ter conseguido fazer nos últimos quatro anos.
Entre os seus adversários, destacou-se Jorge Bom Jesus, que está desde Julho à frente do Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe – Partido Social Democrata (MLSTP-PSD, líder da oposição, com 16 deputados eleitos em 2014).
Caso não consiga uma maioria absoluta nas legislativas de domingo, o MLSTP já tem um acordo assinado para constituir Governo com a coligação formada pelo Partido da Convergência Democrática (PCD), a União para a Democracia e Desenvolvimento (UDD), e o Movimento Democrático Força da Mudança (MDFM), encabeçada por Arlindo Carvalho.
A estas eleições concorrem ainda Elsa Garrido (Movimento Social Democrata – Partido Verde) e Martinho Stock (Força do Povo).
Este foi o primeiro mandato executivo cumprido na totalidade, desde a introdução do multipartidarismo, há 26 anos, algo que o primeiro-ministro cessante justificou, em declarações à Lusa, com a “coesão social” e pelo “bom relacionamento institucional” com o Presidente da República, Evaristo Carvalho, também da ADI.
Numa mensagem dirigida aos são-tomenses, transmitida na sexta-feira, o chefe de Estado afirmou que os são-tomenses vão poder “avaliar os resultados de quatro anos de uma governação sucessiva” e aplicar a “expressão popular ‘o povo põe, o povo tira'”.
“Desde o advento da democracia no nosso país, há 26 anos, é a primeira vez que se viu a oportunidade de avaliar os resultados de quatro anos de uma governação sucessiva. Eis chegada a hora que nos oferece a democracia, seguindo a expressão popular ‘o povo põe, o povo tira’, isto é, para aprovar o que está bom e rejeitar o que é mau para o desenvolvimento da nação”, afirmou Evaristo Carvalho.
O Presidente são-tomense defendeu que os eleitores devem “refletir e votar com consciência para que seja acertada a escolha” com “o desejo e pensamento no futuro do país”.
O processo eleitoral deverá ser acompanhado, no terreno, por
Quanto às câmaras regionais, a ADI conquistou nas últimas eleições a liderança de cinco dos seis distritos da ilha de São Tomé (Água Grande, Mé-Zochi, Lembá, Lobata e Cantagalo), e apenas o distrito de Caué é do MLSTP.
No Príncipe, com 5.168 eleitores, concorrem três candidatos: o atual presidente do governo regional, José Cassandra, da União para Mudança e Progresso do Príncipe (UMPP), procura um quarto mandato, e confronta-se com o candidato do MLSTP, Luís Prazeres (‘Kapala’), e com Nestor Umbelina, dissidente da UMPP, que concorre pelo recém-criado Movimento Verde para o Desenvolvimento do Príncipe.
A Comissão Eleitoral Nacional (CEN) já apelou aos votantes para que se desloquem às urnas “o mais cedo possível”.
“Temos constatado que os eleitores esperam até à última hora para aparecer no final do dia, e isso tem criado muito constrangimento, porque são muitas pessoas no final do dia”, comentou o presidente da CEN, Alberto Pereira, em declarações à imprensa na sexta-feira.
Este alerta foi uma referência indireta ao fenómeno do ‘banho’ – tentativa de compra de votos pelos partidos -, que faz com que muitos eleitores esperem até perto da hora de fecho das urnas para tentarem receber algum dinheiro.
A Comissão Eleitoral deverá prestar informações sobre a forma como está a decorrer a votação por duas vezes, ao longo do dia de hoje.
Na última sexta-feira, a notícia da morte de um homem, alegadamente por violência policial, na Trindade (distrito de Mé-Zochi, a cerca de 10 quilómetros da capital), marcou o último dia de campanha eleitoral, com manifestações junto ao comando da polícia naquela localidade e também perto do hospital central Ayres de Menezes, em São Tomé, para onde o corpo do homem foi levado.
A comunidade de Monte Café (Mé-Zochi), de onde era natural a vítima, ameaçou, na sexta-feira, boicotar a votação.