"Tendo perdido oito dos 33 deputados que possuíam e quatro das cinco câmaras que detinham, ficou claro, aos olhos da população são-tomense e da comunidade internacional, que o ADI [Ação Democrática Independente] foi o grande perdedor destas eleições", afirmaram as duas formações políticas, em comunicado lido hoje, em São Tomé, por Arlindo Carvalho, líder da coligação.
"Neste contexto, espera-se que o Presidente da República entenda claramente essa mensagem do povo e aja em conformidade, evitando de forma responsável que o país entre num ciclo de instabilidade sem precedentes", acrescentou.
No sábado, o líder da ADI, vencedor das eleições legislativas de São Tomé e Príncipe, de 07 de Outubro, com maioria simples, afirmou que o seu partido pretende formar governo minoritário, caso não haja entendimento para um governo de base alargada.
"Se não houver vontade de ir ao fundo da questão que é o desenvolvimento de São Tomé e Príncipe, os desafios que nós temos, os constrangimentos internos e externos, as reformas, etc, eu penso que o ADI irá formar um governo minoritário e depois no parlamento iremos continuar a ver se se consegue, de fato, entendimento para que esse governo possa executar o seu programa", disse Patrice Trovoada.
No domingo, o conselho nacional da ADI, recomendou o partido a formar governo, mas também a prosseguir as negociações com outras forças políticas.
"Qualquer que seja o desfecho dessas negociações, o ADI terá que formar governo quando for chamado pelo Presidente da República depois da constituição da Assembleia Nacional no dia 22 (deste mês)", disse Patrice Trovoada, líder do partido.
Na sequência das eleições, o Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe --- Partido Social-Democrata (MLSTP-PSD), maior partido da oposição, e a coligação PCD-UDD-MDFM assinaram um acordo de incidência parlamentar, constituindo-se numa nova maioria, reafirmando hoje que a situação económica e social do país degrada-se dia a dia.
"O país está sem governo e sem norte. A situação económica e social deteriora-se a cada dia. A crise de energia provoca paralisação dos serviços públicos e agrava o empobrecimento da população em geral, assim como dos pequenos empresários que teimam em sobreviver", disse Arlindo Carvalho.
"A situação reflectiu-se no sector da saúde onde para além da falta de água, os cirurgiões viram-se obrigados a efectuar uma operação a luz de telemóveis", lamentou ainda.
"Enquanto isso, o Presidente da República, em conivência com o seu partido, insiste em dizer que as instituições funcionam normalmente", lamentaram as duas formações políticas, que acusam o ADI e o seu presidente de "persistir em permanecer no poder, mesmo sabendo que perderam a maioria e que não reúnem as condições constitucionais para governar na actual legislatura".
A maioria formada pelo MLSTP-PSD e pela coligação PCD-UDD-MDFM, afirma que o "poder mudou de mãos", por isso apela ao líder do ADI, Patrice Trovoada, para fazer uma leitura correta dos resultados eleitorais.
"O ADI e o seu chefe têm que fazer uma leitura correta dos resultados eleitorais, pois o país tem uma nova maioria, fruto do acordo de incidência parlamentar entre o MLSTP-PSD e a coligação", explicou Arlindo Carvalho.
Acusam o Ministério Publico de "postura de parcialidade" a anunciar a constituição de 20 cidadãos em arguidos no caso de alegado golpe de estado contra o Presidente da República.
"Podemos estar de novo perante uma cabala política do ADI, quando estranhamente vem a público um comunicado inédito da Procuradoria-Geral da República, dando conhecimento da existência de arguidos envolvidos num alegado golpe de estado contra o Presidente da República", diz o comunicado.
"Lamentamos que o Ministério Publico tenha uma postura de parcialidade quando mantém, até hoje, silêncio sobre a denuncia publicamente feita pelo senhor Peter Lopes acerca do envolvimento de Patrice Trovoada, enquanto mandante, numa conspiração que visava aniquilar fisicamente os ex-Presidentes da República Manuel Pinto da Costa e Fradique de Menezes, e o ex-ministro da Defesa, Óscar Sousa", acrescenta.
Nas eleições legislativas de Outubro, a ADI conquistou 25 assentos, contra os 23 do MLSTP-PSD, os cinco da coligação PCD-UDD-MDFM e dois do Movimento de Cidadãos Independentes.