Este sábado assinala-se o primeiro aniversário do 27 de Outubro de 2017 em que o Governo regional presidido por Carles Puigdemont declarou unilateralmente a independência da Catalunha.
No mesmo dia, o primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy do Partido Popular (direita), anunciou a intervenção directa de Madrid na administração na Catalunha, tendo destituído o executivo regional, dissolvido o parlamento catalão e marcado eleições para 23 de Dezembro de 2017.
Um ano depois, está no poder em Madrid um Governo minoritário do PSOE (Partido Socialista espanhol) que para sobreviver precisa, entre outros, dos votos no parlamento nacional dos deputados dos partidos independentistas catalães, o PDeCAT (Partido Democrático e Europeu da Catalunha, direita) e a ERC (Esquerda Republicana da Catalunha, socialista).
O executivo do PSOE, partido que apoiou as medidas tomadas por Mariano Rajoy, tem tentado estender pontes de diálogo com os independentistas, mas está a ser atacado pelo PP e pelo Cidadãos (direita liberal) que acusam os socialistas de serem demasiado brandos, defendendo uma nova intervenção na Catalunha, devido à continuação de um executivo claramente independentista na região.
Os partidos separatistas voltaram a ganhar as eleições regionais de 23 de Dezembro último e o ex-presidente do executivo regional Carles Puigdemont escolheu, a partir da Bélgica onde está refugiado, que o seu substituto seria Quim Torra, que mantém os objectivos separatistas e reclama a realização de um novo referendo de autodeterminação.
O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, ofereceu, como solução para o conflito, a realização de um "referendo de autogoverno" para "actualizar" (transferir poderes) o estatuto da Comunidade Autónoma, mas os independentistas recusam esta solução e insistem na independência.
Por outro lado, a unidade estratégica dos partidos soberanistas na última legislatura, que lhes permitiu organizar um referendo de autodeterminação em 01 de Outubro de 2017 que foi ilegalizado, parece ter desaparecido.
A coligação da responsabilidade de Puigdemont JxCat (Juntos pela Catalunha), autorizado e tendo por base o PDeCAT, já não partilha um grupo parlamentar com a ERC e os dois movimentos já se enfrentaram em várias ocasiões.
Por outro lado, o partido separatista mais pequeno, a CUP (Candidatura de Unidade Popular, extrema-esquerda anti-sistema) retirou o seu apoio ao actual executivo regional de Quim Torra.
Um novo partido independentista impulsionado por Carles Puigdemont, a Crida (Chamamento) nacional para a República, um movimento que pretende ser "transversal" e ultrapassar as fronteiras partidárias, realiza este sábado uma convenção para marcar a sua fundação, mas a ERC e a CUP recusaram e mesmo o PDeCAT tem dúvidas sobre o seu papel.
Há um ano, a tentativa secessionista na Catalunha assustou muitas empresas que decidiram mudar para outras cidades de Espanha a sua sede social.
Mas a região que representa quase 20% da economia espanhola continua a crescer de forma robusta, com taxas superiores ao resto do país.
A resolução do problema catalão também depende da sorte em Justiça de cerca de 25 dirigentes regionais que aguardam julgamento, por delitos de rebelião, sedição e/ou peculato.
A maior parte deles são ex-ministros regionais do anterior executivo de Carles Puigdemont e alguns (nove) estão presos preventivamente e outros (sete) fugiram para o estrangeiro (Bélgica, Suíça e Escócia) para evitar a Justiça espanhola.
Carles Puigdemont está a viver e a tentar dirigir o movimento independentista a partir de Bruxelas e o seu ex-presidente adjunto e ainda líder da ERC preso numa prisão na Catalunha.