312 activistas de direitos humanos foram assassinados em 2017

PorExpresso das Ilhas, Lusa,29 out 2018 11:04

Pelo menos 312 activistas de direitos humanos foram assassinados em 2017, quase o dobro de 2015, segundo dados divulgados a propósito da Cimeira Mundial de Defensores de Direitos Humanos, que decorre entre hoje e quarta-feira em Paris.

O encontro, que reúne mais de 150 participantes de todo o mundo, deverá discutir e aprovar uma agenda de promoção dos direitos humanos para os próximos 20 anos, bem como denunciar o incumprimento, por parte de alguns governos, dos compromissos assumidos na protecção destes activistas.

Promovida por algumas das principais organizações internacionais, a Cimeira Mundial de Defensores de Direitos Humanos pretende também assinalar o 20.º aniversário da Declaração das Nações Unidas sobre os Defensores de Direitos Humanos e o 70.º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos das Nações Unidas.

A primeira cimeira realizou-se em 1998, também em Paris, tendo, nesse ano, vários governos assumido o compromisso de "reconhecer e proteger" todos aqueles que trabalham em defesa dos direitos humanos.

"Vinte anos passados, apesar do progresso em algumas áreas, muitos governos continuam a falhar nos seus compromissos. Em 2017, pelo menos 312 defensores dos direitos humanos foram assassinados, o dobro de 2015, e em quase todos os casos, os assassinos ficaram impunes", adianta a organização.

Por outro lado, lembra, a cimeira decorre numa altura em que quase diariamente um activista é morto, a criminalização e difamação são usadas como forma de intimidação e os governos não respeitam os compromissos de os respeitar e proteger.

"Governos, empresas e outras figuras poderosas assediam, vigiam, prendem, torturam e matam defensores dos direitos humanos apenas por defenderem os direitos fundamentais das suas comunidades", disse Andrew Anderson, diretor da Front Line Defenders, uma das entidades organizadoras da cimeira.

Para Cindy Clark, ativista pelo feminismo e directora da Association for Women's Rights in Development (AWID), "a segurança dos ativistas é afetada diariamente pela desigualdade, exclusão e pelas mais variadas formas de discriminação".

Durante a cimeira, estarão em discussão estratégias para enfrentar os obstáculos e desafios que os activistas enfrentam diariamente na denuncia e luta contra a repressão, o racismo, a discriminação, as mortes e desaparecimentos forçados.

Deverá ainda ser apresentado um plano de acção para governos, empresas, instituições financeiras internacionais, doadores e outros organismos que visa "assegurar o respeito e a segurança" dos activistas de direitos humanos.

"A cimeira será uma oportunidade para os defensores de direitos humanos de todo o mundo, que são cada vez mais atacados, se juntarem e discutirem os próximos passos nos seus próprios termos", disse Michel Forst, relator especial das Nações Unidas para os defensores de direitos humanos.

Entre os participantes estão o jornalista vencedor do prémio Pulitzer, Matthew Caruana Galizia, cuja mãe foi assassinada há um ano em Malta; Anielle Franco, irmã da vereadora brasileira Marielle Franco, assassinada há sete meses no Rio de Janeiro; e a advogada e fundadora da Comissão de Direitos Humanos do Paquistão, Hina Jilani.

A comissão organizadora da cimeira integra as organizações Amnesty International, Association for Women's Rights in Development, International Federation for Human Rights, Front Line Defenders, International Service for Human Rights, World Organisation Against Torture, ProtectDefenders.eu e Reporters Without Borders.

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Autoria:Expresso das Ilhas, Lusa,29 out 2018 11:04

Editado porNuno Andrade Ferreira  em  22 jul 2019 23:22

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