"O Conselho dos Direitos Humanos deve enviar uma mensagem inequívoca ao governo chinês para que termine uma campanha de repressão sistemática na região de Xinjiang Uighur, incluindo a detenção arbitrária de um milhão de pessoas", disse Patrick Poon, investigador da Aministia Internacional.
O Conselho dos Direitos Humanos da ONU reúne terça-feira para discutir a situação na China, no âmbito das Revisões Periódicas Universais, que regularmente analisa como cada Estado membro está a cumprir as suas obrigações de respeito pelos direitos humanos.
Na última revisão periódica, o governo chinês tinha dado garantias de que especialistas independentes da ONU poderiam visitar a região autónoma de Xinjiang Uighur, mas a Amnistia Internacional denuncia que nenhum desses agentes chegou a receber autorização para essas deslocações.
As autoridades chinesas negaram a existência de qualquer campo de detenção, até ao passado dia 16, quando o governador da região autónoma os descreveu como campos de "treino vocacional", numa entrevista a meio de comunicação estatal chinês.
Mas, para a Amnistia Internacional, há inegáveis evidências - incluindo imagens de satélite e depoimentos de famílias de pessoas desaparecidas - sugerindo que "as violações dos direitos humanos estão a ser realizadas em grande escala, dentro dos campos", sobretudo contra a minoria muçulmana.
Para Patrick Poon, investigador da Amnistia Internacional, "os campos de internamento são lugares de tortura e de outros maus-tratos", acrescentando que há suspeitas de uma intensificação destas acções governamentais de "internamento, vigilância intrusiva, doutrinação política e assimilação cultural forçada" contra grupos étnicos, sobretudo de origem muçulmana.
A Amnistia Internacional denuncia ainda a existência de um regulamento, adoptado pelo governo da região autónoma, segundo o qual muitas práticas muçulmanas são classificadas como "extremistas" e consideradas causa para suspeição judicial.