Graham Brady, presidente da Comissão 1922, que gere o processo de eleições internas do partido Conservador, revelou que 200 deputados votaram a favor e 117 contra.
Para vencer a moção de censura convocada por deputados conservadores para a afastar da liderança do partido, por serem contra o acordo de ‘Brexit’ por ela negociado com Bruxelas, e se manter como líder dos ‘Tories’ e primeira-ministra, May precisava apenas de 159 votos – uma maioria simples (metade dos 317 votos mais um).
De acordo com as regras do partido, a líder do partido fica imune a novas moções de censura durante um ano.
O voto foi desencadeado após pelo menos 48 deputados conservadores terem escrito a Brady a retirar a confiança à primeira-ministra por discordarem do acordo negociado com Bruxelas para a saída do Reino Unido da União Europeia.
May tem agora o desafio de conseguir aprovar o documento, cujo voto previsto para terça-feira foi adiado na véspera perante a perspectiva de rejeição e com a promessa de conseguir dos líderes europeus “garantias adicionais” sobre a condição provisória da solução ‘backstop’ para a fronteira da Irlanda do Norte.
Se o texto do acordo for aprovado, segue-se uma saída ordeira da UE, mas, se for chumbado, o Governo terá 21 dias para indicar o que pretende fazer e poderá ter de avaliar algumas alternativas, como o modelo da Noruega, que tem acesso ao mercado único sem ser membro da UE – uma solução que poderia ter o apoio da maioria dos deputados.
Theresa May disse na segunda-feira que seu Governo “acelerou os preparativos” para a ausência de acordo, temida especialmente pelos empresários e instituições, aumentando o risco de escassez de medicamentos, engarrafamentos junto aos portos marítimos, aviões impedidos de voar e uma recessão económica.
O adiamento da votação do acordo na segunda-feira reflectiu a importância que Theresa May dá a este procedimento, pois uma rejeição poderia obrigá-la a demitir-se ou a enfrentar uma moção de censura da oposição protagonizada pelo partido Trabalhista, que tem possibilidade de passar devido à ausência de maioria do Partido Conservador no parlamento.
Nesse caso, seria iniciado um período de duas semanas para ser formado um Governo com o apoio da maioria dos 650 deputados ou, se não for possível, a convocação de eleições legislativas antecipadas, a via preferida do líder trabalhista, Jeremy Corbyn, que tem sempre defendido o respeito pelo referendo de 2016 que ditou o ‘Brexit’.
Apesar de existir um número crescente de apoiantes e argumentos a favor de um novo referendo para desbloquear o impasse parlamentar, esta via não é defendida nem por Theresa May nem pelo líder da oposição, o trabalhista Jeremy Corbyn.