Será a segunda vez em menos de cinco meses que este porto espanhol localizado na província de Cádiz (sul de Espanha) recebe este navio. Em agosto passado, o 'Open Arms' atracou em Algeciras com 87 migrantes a bordo, incluindo 12 menores de idade.
Desta vez estão a bordo do navio da ONG Proativa 311 migrantes.
Um total de 313 pessoas foram resgatadas pela ONG catalã na passada sexta-feira ao largo da Líbia, mas duas delas, uma mulher e o seu bebé recém-nascido, foram retiradas do navio por um helicóptero da guarda costeira de Malta para receberem assistência médica.
O governo de Espanha autorizou o desembarque depois de a ONG Proativa ter pedido ajuda a outros países, como Líbia, França ou Itália. Malta também se recusou a acolhê-los.
Fontes policiais locais e a Cruz Vermelha explicaram, em declarações à agência espanhola EFE, que o dispositivo previsto para a chegada do navio 'Open Arms' é similar ao que foi preparado durante os meses de verão, quando a chegada de migrantes em embarcações resgatadas no Estreito de Gibraltar se intensificou.
Segundo a agência EFE, o Centro de Assistência Temporária para Estrangeiros local, que será o destino final dos resgatados, dispõe de 474 camas, número que pode ser ampliado até 600 camas, tendo por isso capacidade para acolher os migrantes de origem subsaariana que estão a bordo do 'Open Arms'.
A polícia nacional espanhola referiu ainda que prevê a chegada de unidades de fora da província de Cádiz, na região da Andaluzia, para realizar os procedimentos relacionados com a imigração e a identificação dos migrantes.
Esta decisão foi, entretanto, criticada pelo Sindicato Unificado da Polícia (SUP) que, em comunicado, lamentou "o desprezo" que foi dado às forças policiais de Algeciras, devido à falta de informação oficial sobre os procedimentos.
No que diz respeito aos menores que estão a bordo do 'Open Arms', as autoridades andaluzes, que gerem os centros de acolhimento, não têm neste momento qualquer plano especial, uma vez que ainda não sabem quantas crianças desacompanhadas estão a bordo.
O desembarque do 'Open Arms' não está a ser pacífico junto de alguns autarcas locais, nomeadamente do presidente da câmara de Algeciras, José Ignacio Landaluce, e do presidente da comunidade de municípios do Campo de Gibraltar, Luis Angel Fernández.
"Ninguém nos pode dar lições de solidariedade para com os migrantes, nem Algeciras nem as restantes localidades da nossa região se podem transformar no lugar favorito do Governo de Pedro Sánchez para realizar esse tipo de operação", disse Luis Angel Fernández, salientando que a região vê chegar todas as semanas migrantes em pequenas embarcações e que tal situação implica, entre outros aspectos, gastos adicionais para os municípios daquela zona.