Rússia e China rejeitam acção militar na Venezuela

PorExpresso das Ilhas, Lusa,27 fev 2019 16:53

A Rússia e a China opuseram-se hoje a qualquer acção militar contra a Venezuela, numa altura em que os Estados Unidos querem avançar com uma resolução no Conselho de Segurança da ONU sobre a crise venezuelana.

Em Wuzhen (leste da China), o chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, afirmou que Moscovo, um aliado do Presidente venezuelano contestado Nicolás Maduro, está a trabalhar com todos os países que encaram com preocupação o cenário de uma eventual interferência militar na Venezuela. 

Nas mesmas declarações, Lavrov, que hoje se encontrou em Wuzhen com os seus homólogos chinês e indiano, denunciou as tentativas "descaradas" de criar "pretextos artificiais" para uma intervenção militar, como, por exemplo, o argumento de uma operação humanitária. 

A administração norte-americana liderada pelo Presidente Donald Trump, que contesta Nicolás Maduro e reconhece o opositor Juan Guaidó como Presidente interino venezuelano, já afirmou que não descarta nenhuma opção, inclusive militar, para lidar com a crise venezuelana. 

E o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, já chegou a declarar que "os dias de Maduro estão contados". 

Washington pretende avançar esta semana com a votação de uma resolução no Conselho de Segurança da ONU sobre os últimos acontecimentos na Venezuela e focada na autorização para a entrada da ajuda humanitária naquele país. 

É previsível que a Rússia, que como os Estados Unidos e a China é membro permanente do Conselho de Segurança e tem a capacidade de vetar a resolução, rejeite o texto norte-americano. 

"Não é por acaso que as autoridades do Brasil, por exemplo, já declararam que não vão participar ou disponibilizar o seu território aos norte-americanos para uma agressão contra a Venezuela", referiu ainda Lavrov. 

O ministro dos Negócios Estrangeiros russo também destacou que "nenhum" país latino-americano, incluindo o Grupo de Lima (13 países latino-americanos e o Canadá), expressou publicamente o apoio a uma intervenção militar. 

"Acho que os Estados Unidos deveriam ouvir os países da região", concluiu Lavrov. 

As palavras de Lavrov surgem no mesmo dia em que o Senado russo (câmara alta do parlamento) advertiu, numa declaração, que uma intervenção militar na Venezuela seria interpretada como um "ato de agressão contra um Estado soberano e uma ameaça à paz e à segurança internacional". 

O Senado russo também apelou à comunidade internacional e a várias organizações, como a ONU ou o Parlamento Europeu, para apoiarem um diálogo, um processo político pacífico na Venezuela e para evitarem "qualquer tentativa de ingerência externa". 

Já a China, país que é tradicionalmente favorável a uma política externa fundamentada na não-ingerência, frisou que a atual crise política que abala a Venezuela é um assunto interno. 

"A questão venezuelana é por natureza um problema interno da Venezuela", afirmou o chefe da diplomacia chinesa, Wang Yi, no seguimento das declarações do seu homólogo russo sobre uma eventual intervenção militar estrangeira. 

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Autoria:Expresso das Ilhas, Lusa,27 fev 2019 16:53

Editado porNuno Andrade Ferreira  em  19 nov 2019 23:21

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