A par com esta diminuição, há dados positivos referentes à transmissão vertical do vírus (passado de mãe para filho) que levam Artur Correia a mostrar-se confiante de que a meta estabelecida para 2020 será conquistada.
Até ao próximo ano, acredita pois aquele responsável, será possível manter a taxa de transmissão mãe-filho (que pode ser intra-uterina, no parto ou através do aleitamento materno) “de 1% ou menor que 1%”.
“Nos últimos seis anos temos tido uma taxa de transmissão de mãe para filho que tem variado entre 0 a 2,5%, o que prova ser possível” atingir a meta definida.
Atingido esse resultado Cabo Verde poderá ser certificado como país que conseguiu eliminar a transmissão vertical do VIH.
Actualmente, a taxa de cobertura em relação a prevenção da transmissão de mãe para filho é total, com praticamente 100% das grávidas a terem acesso directo ao tratamento para evitar a transmissão durante a gravidez.
Depois da gravidez, há o risco de contaminação através do leite materno, mas conforme destaca Artur Correia, existe um “programa financiado pela CVTELECOM, que permite fornecer leite artificial às mães vulneráveis, até 18 meses, mitigando esse risco”.
As mulheres vulneráveis, explicou ainda, são identificadas durante a gravidez, passando a ser acompanhadas por assistentes sociais do ministério da Saúde. “São seguidas, sensibilizadas, apoiadas e quando nasce são apoiadas com leite”, esclarece.
Além disso, “há todo um processo de apoio psicossocial que depois continua com as próprias Câmaras Municipais e também algumas Organizações Não Governamentais como a MORABI, a VERDEFAM, a OMCV, que dão apoio psicossocial às pessoas vulneráveis no geral, e às grávidas do VIH em particular”, acrescenta.
Entratanto,como referido, em média são detectadas anualmente, 80 grávidas seropositivas, mas há um fenómeno que se tem vindo a acentuar nos últimos anos: grande parte dessas mulheres já tinham sido detectadas anteriormente. Neste momento, segundo avança, cerca de metade são grávidas já registadas, que “engravidam pela segunda ou terceira vez” e voltam a usufruir do programa.
Assim, foi detectada, a par com a diminuição da taxa de transmissão na população em geral, “uma tendência também de diminuição de novas grávidas seropositivas”. Indicadores positivos “fruto de todo este trabalho que é feito na população” , acredita o Director Nacional da Saúde.
Recorde-se, entretanto que, o III Inquérito Demográfico e de Saúde Reprodutiva, do Instituto Nacional de Estatística realizado em 2018, indicou que a prevalência do VIH diminui de 0,8% para 0,6% em Cabo Verde. Os dados desse estudo apontaram ainda, para uma feminização da epidemia.