"Nas décadas que se seguiram (aos acontecimentos ocorridos em Junho de 1989), os Estados Unidos esperavam que a integração da China na comunidade internacional levasse a uma sociedade mais aberta e tolerante. Essas esperanças desapareceram", afirmou o secretário de Estado norte-americano, citado num comunicado.
"O Estado chinês de um partido único não tolera qualquer dissidência e viola os direitos humanos sempre que é do seu interesse", prosseguiu.
Na véspera da efeméride, Mike Pompeo declarou que quer homenagear os "heróis do povo chinês que se levantaram corajosamente há 30 anos na Praça Tiananmen" para exigir os seus direitos, bem como pediu às autoridades de Pequim para publicarem um balanço dos mortos e dos desaparecidos, algo que nunca fizeram.
China protesta
Na sequência das declarações do Secretário de Estado norte-americano, a China apresentou uma queixa formal aos Estados Unidos.
"Alguns nos Estados Unidos estão muito acostumados a criticar os outros, e sob o pretexto da democracia e dos Direitos Humanos interferem nos assuntos internos de outros países, enquanto fecham os olhos aos seus próprios problemas", afirmou em conferência de imprensa o porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, Geng Shuang.
Geng considerou o texto um "ataque malicioso" ao sistema político da China, que "denigre as condições religiosas e os direitos humanos" no país, "prejudicando a confiança mútua entre a China e os Estados Unidos".
"Essas pessoas não têm autoridade para nos criticar, e qualquer tentativa de interferir nos assuntos domésticos da China ou minar a sua estabilidade está condenada ao fracasso", disse o porta-voz.
"Pedimos aos Estados Unidos que parem de cometer erros, um atrás do outro", afirmou.
O porta-voz referiu ainda a declaração emitida pela União Europeia (UE), na qual a Alta Representante da UE para os Negócios Estrangeiros, Federica Mogherini, pediu à China para libertar os detidos e activistas condenados pela sua participação nos protestos de 4 de Junho.
Geng considerou que o texto "carece de fundamentos e interfere nos assuntos internos da China".
Questionado sobre se é possível que os distúrbios de 1989 se voltem a repetir no país, Geng disse que "ninguém se preocupa mais com o futuro da China e com a felicidade do povo chinês do que o governo e o Partido Comunista".
"Rumo ao rejuvenescimento nacional, a China continuará a fazer novos progressos", afirmou.
O mundo assistiu a 3 e 4 de Junho de 1989 à intervenção das forças armadas chinesas na Praça Tianenmen e as imagens que chegavam de Pequim chocavam o mundo com os tanques do exército chinês a irromperem pela praça e acabaram com sete semanas de protestos pró-democracia, liderados por estudantes.
O número exacto de pessoas mortas continua a ser segredo de Estado, mas as 'Mães de Tiananmen', associação não-governamental constituída por mulheres que perderam os filhos naquela altura, já identificaram mais de 200.