As afirmações foram feitas em Nova Iorque por Anatolio Ndong Mba, representante permanente da Guiné Equatorial junto da Organização das Nações Unidas, que distribuiu um comunicado oficial do Governo opondo-se a títulos da imprensa internacional alegadamente financiados pelo magnata dos negócios e filantropo George Soros.
Recordando incidentes de Dezembro de 2017, Anatolio Ndong Mba disse que o Estado tem informações sobre “acções em curso para um novo golpe de Estado”, tudo devido a interesses económicos nos recursos petrolíferos, florestais e marítimos de que o país dispõe.
“Temos informações de actividades em curso para desestabilizar o país, para tentar perpetrar um novo golpe de Estado. Sabemos que está a ser planeado”, disse Anatolio Ndong Mba, dando como uma das razões a ambição de obter o controlo sobre os ricos recursos naturais disponíveis na Guiné Equatorial.
O representante disse ainda que é importante reforçar a prevenção e mediação de conflitos e reforçar a coesão nacional, para se por termo à crise que se vive no país.
Anatolio Ndong Mba disse que desde o final dos anos 1990, quando se iniciou a exploração do petróleo na Guiné Equatorial, se tem registado um aumento de actividades que fomentam o medo e desestabilizam o país, com o objectivo de influenciar a comunidade internacional e obter controlo sobre os recursos naturais.
O representante disse que os projectos de exploração petrolífera são submetidos a licitações internacionais, que classificou “procedimento transparente” mas disse que há determinadas empresas que perdem os concursos e querem causar movimentos e revoltas para colocar no poder um Presidente controlado pelos interesses económicos.
“Querem impor um Presidente que faça o que eles querem, para explorar os recursos como querem”, acusou o diplomata comentando conflitos violentos que acontecem no país.
O Governo da Guiné Equatorial considera que os títulos da imprensa internacional e de organizações de direitos humanos como a Amnistia Internacional, que destacam assuntos de violência política no país e “clima de terror”, são financiadas e “têm o selo” de George Soros e da fundação The Open Society Institute.
O comunicado do Governo diz que George Soros é um “magnata multimilionário, especulador financeiro e criminoso com evidentes interesses geoestratégicos e imperialistas que tem dedicado a sua vida a (…) expandir o capitalismo, regando com sangue inúmeros países ao longo de muitas décadas”.
A Amnistia Internacional não escapou às críticas e é acusada de querer dar uma imagem negativa da Guiné Equatorial com os artigos que publica, alegadamente depois de o parlamento lhe ter rejeitado um projeto com custos demasiado grandes.
O representante da Guiné Equatorial junto da ONU começou a conferência destacando o desenvolvimento do país, o papel em várias organizações ou conferências internacionais e o aumento do bem-estar da população do país.
O comunicado transformou-se depois numa condenação a actividades de George Soros, já que, segundo o governo, os interesses dos seus aliados são promover uma imagem negativa, esquecendo os progressos e a qualidade das infraestruturas.
“Informamos a opinião pública nacional e internacional que não nos deixamos enganar nem confundir se aparecerem acções filantrópicas financiadas por este senhor e a sua fundação”, lê-se no comunicado do Governo.