A situação epidémica em Pequim é "extremamente grave", admitiu esta terça-feira um porta-voz da capital chinesa, depois de terem sido detectados mais de cem casos de infecção, quando parecia que o país já tinha conseguido conter o vírus.
Pequim está numa "corrida contra o tempo", disse o porta-voz, Xu Hejian, em conferência de imprensa. A capital "terá de estar sempre um passo à frente da epidemia e tomar as medidas mais rigorosas, decisivas e determinadas", afirmou.
Pequim diagnosticou mais de cem casos desde sexta-feira passada, após um surto ter sido detectado no principal mercado abastecedor da capital.
A cidade, de 21 milhões de habitantes, aumentou, entretanto, a sua capacidade de triagem diária para mais de 90.000 pessoas.
Este surto epidémico suscita temores de uma "segunda vaga" de infecções, admitiu a Organização Mundial da Saúde (OMS), na segunda-feira, acrescentando que acompanha "muito de perto" a situação em Pequim.
A OMS, que foi acusada de alinhamento com as autoridades chinesas no início do surto, em Dezembro passado, disse estar a considerar enviar especialistas para Pequim nos próximos dias.
Muitos dos novos casos estão vinculados ao mercado abastecedor de Xinfadi, em Pequim, e as autoridades estão a testar trabalhadores e clientes que estiveram no mercado, nas últimas duas semanas, ou quem entrou em contacto com estes dois grupos.
Carnes frescas e marisco na cidade e em outros lugares da China também estão a ser inspeccionados numa tentativa de entender como é que o vírus se espalhou.
Mais de 100.000 funcionários estão encarregados de supervisionar 7.120 comunidades próximas do mercado de Xifandi. Mais de vinte bairros foram colocados sob quarentena, para impedir a disseminação do patógeno entre os 20 milhões de habitantes de Pequim.
As autoridades chinesas repuseram hoje algumas restrições nas viagens de e para Pequim, de forma a evitar que o novo surto de COVID-19 se alastre pelo país.
As autoridades também estão a impedir que moradores de áreas consideradas de alto risco saiam de Pequim e os que já saíram devem reportar às agências de saúde locais o mais rapidamente possível.
Táxis e outros serviços de transporte foram proibidos de levar as pessoas para fora da cidade, o número de passageiros em autocarros, comboios e no metro será também limitado e todos os passageiros devem usar máscara.
A China retirou muitas das suas medidas de prevenção depois de o Partido Comunista ter declarado, em Março passado, vitória sobre o vírus, que foi detectado pela primeira vez na cidade de Wuhan, no centro da China, no final do ano passado.
Também a OMS já confirmou a existência do novo surto.
“A origem e dimensão do surto estão a ser investigados”, disse o Director-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, em conferência de imprensa na sede da organização, em Genebra.
O Director do programa de emergências sanitárias da OMS, Michael Ryan, afirmou que aquela Agência das Nações Unidas tem estado em “contacto próximo” com os colegas na China e espera que o País partilhe publicamente a sequência genética do vírus detectado no surto, que marca um ressurgimento da COVID-19 no País onde começou, depois de cerca de 50 dias sem novos casos não importados.
Em resposta ao novo surto, Pequim suspendeu o reinício planeado de algumas escolas primárias na segunda-feira e repôs algumas medidas de distanciamento social.
De recordar que os primeiros casos de COVID-19 foram detectados na província chinesa de Hubei, onde fica localizada a cidade de Wuhan, em Dezembro do ano passado.
A doença, entretanto, disseminou-se pelo mundo inteiro o que obrigou a Organização Mundial de Saúde a declarar uma situação de pandemia. Ao todo, a nível mundial, até esta terça-feira, tinham sido registados 7.823.289 casos de COVID-19 dos quais resultou um total de 431.541 mortes.