A estirpe B.1.617 foi detectada em mais de 1.200 sequências de genoma em “pelo menos 17 países”, anunciou a OMS na noite de terça-feira.
A maioria das amostras “vem da Índia, Reino Unido, Estados Unidos e Singapura”, disse a OMS no relatório semanal sobre a pandemia.
Nos últimos dias, a variante também foi encontrada em vários países europeus, incluindo Bélgica, Suíça, Grécia e Itália.
Portugal detectou seis casos daquela variante na última semana, todos “associados a Lisboa e Vale do Tejo”, anunciou na terça-feira o investigador João Paulo Gomes, do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA).
Esta variante, detectada em Outubro, no oeste da Índia, é qualificada como um “mutante duplo”, por ser constituída por duas mutações do vírus SARS-CoV-2.
A primeira, a E484Q, é parecida com a que já tinha sido observada nas variantes detectadas na África do Sul e no Brasil (E484K), suspeita de causar menor eficácia da vacinação e maior risco de reinfeção.
A segunda, a L452R, também está presente numa variante encontrada na Califórnia, nos Estados Unidos, e pode causar aumento da transmissão da infeção.
Esta é a primeira vez que estas características foram encontradas juntas numa variante com difusão significativa, levantando preocupações de que a nova estirpe seja “mais resistente” às actuais vacinas contra a covid-19, desenvolvidas para reconhecer a proteína ‘spike’ presente nas outras variantes do novo coronavírus, e mais contagiosa.
“A B.1.617 tem uma taxa de crescimento mais elevada do que outras variantes que circulam na Índia, sugerindo uma maior contagiosidade”, acrescentou a OMS, que, no entanto, continua a considerá-la uma “variante de interesse” e não de “preocupação”.
A maior transmissibilidade da nova estirpe poderá explicar a explosão do número de infectados na Índia, a braços com uma segunda vaga que está a provocar o colapso dos serviços de saúde.
A Índia, quarto país com mais vítimas fatais, atrás dos Estados Unidos, do Brasil e do México, ultrapassou já as 200 mil mortes desde o início da pandemia.
O país voltou hoje a anunciar um novo máximo diário de mortes (3.293) e de novas infecções, com mais de 360 mil casos num só dia.
Desde o início da pandemia, a Índia acumulou 201.187 óbitos e mais de 17,9 milhões de infecções, sendo o segundo país do mundo com mais casos, atrás dos EUA.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 3.122.150 mortos no mundo, resultantes de mais de 147,7 milhões de casos de infecção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.