Entre as vítimas mortais ou pessoas dadas como desaparecidas constam 177 mulheres e 50 crianças que tentaram fazer a travessia desta rota, apontou a agência do sistema das Nações Unidas, precisando que agosto foi o mês mais mortífero com a contabilização de 379 mortes, o que representa "quase metade do número total de mortes registadas desde o início do ano”.
Este novo balanço da OIM revela que o número de mortes nesta rota migratória mais do que duplicou em comparação com o período homólogo de 2020, quando a organização contabilizou 320 vítimas mortais.
“No total, durante todo o ano de 2020, foram registadas 850 mortes nesta rota migratória, o número mais elevado de mortes registadas num único ano desde que a OIM começou a recolher dados em 2014", referiu a organização liderada pelo português António Vitorino.
A rota da África Ocidental, que atravessa o Atlântico e a costa oeste de África até às Canárias, é conhecida por ser extremamente perigosa, por causa das fortes correntes marítimas.
Mesmo com tais perigos, esta rota tem atraído cada vez mais migrantes, sobretudo provenientes de países da África subsaariana, que desejam chegar ao território europeu, a grande maioria a bordo de embarcações muito precárias e sobrelotadas.
O director do centro de análise de dados da OIM, Frank Laczko, admite que estas estatísticas estão seguramente subestimadas.
“Estima-se que os ‘naufrágios invisíveis’ [quando as embarcações com migrantes não são detectadas por radares e muitas delas acabam por desaparecer e naufragar], que não deixam sobreviventes, são frequentes nesta rota marítima, mas são quase impossíveis de confirmar”, afirmou o representante.
Mesmo quando são sinalizadas embarcações em perigo, é difícil determinar o número exacto de pessoas desaparecidas.
"Durante os primeiros oito meses de 2021 chegaram às Ilhas Canárias por mar 9.386 pessoas, um aumento de 140% em relação ao mesmo período do ano passado (3.933) ", de acordo com a OIM.
A organização não-governamental (ONG) espanhola Caminando Fronteras estima que 36 embarcações que se dirigiam para o arquipélago espanhol das Canárias desapareceram sem deixar vestígios durante o primeiro semestre de 2021.
Espanha, a par da Grécia, Itália ou Malta, é um dos países da “linha da frente” ao nível das chegadas de migrantes irregulares à Europa.