"Em Mariupol, a Força Aérea Russa lançou conscientemente uma bomba no Teatro Dramático, no centro da cidade", disse Volodymyr Zelensky, na noite de quarta-feira, acrescentando ser "ainda desconhecido o número de mortos".
"O mundo deve finalmente admitir que a Rússia se tornou um estado terrorista", alertou.
O Ministério da Defesa russo negou ter bombardeado a cidade e alegou que o edifício foi destruído pelo batalhão ultranacionalista ucraniano Azov.
Na semana passada, Moscovo já tinha culpado o batalhão Azov pelo bombardeamento de uma maternidade e hospital pediátrico perto de Mariupol, que causou três mortos e 17 feridos.
Mais de mil pessoas estavam no teatro, de acordo com uma mensagem da prefeitura de Mariupol na plataforma Telegram.
Autoridades ucranianas publicaram uma foto que parece mostrar o prédio de três andares em chamas e devastado por uma explosão.
Para o prefeito de Mariupol, Vadym Boichenko, o ataque só pode ser descrito como um genocídio: "o genocídio da nossa nação, do nosso povo ucraniano".
"As pessoas estavam escondidas lá. Algumas tiveram sorte de sobreviver, mas infelizmente nem todas tiveram sorte", lamentou, num vídeo.
A empresa norte-americana de tecnologia espacial Maxar Technologies, especializada em imagens de satélite, divulgou uma foto do teatro que disse ter tirado na segunda-feira.
Nesta foto, vista pela agência de notícias France Presse, a palavra "crianças" estava escrita no chão, em enormes letras brancas e em russo, na frente e nas traseiras do edifício.
A situação é desesperada, há dias, em Mariupol, cidade portuária estratégica, situada na costa do mar Azov, entre a península da Crimeia (anexada pela Rússia em 2014) e o leste separatista de Donbass, pelo que a conquista é um objetivo prioritário das tropas russas.
A Rússia lançou a 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já causou pelo menos 726 mortos e mais de 1.170 feridos, incluindo algumas dezenas de crianças, e provocou a fuga de cerca de 4,8 milhões de pessoas, entre as quais três milhões para os países vizinhos, segundo os mais recentes dados da ONU.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.