“Pelo menos 1.386 pessoas foram detidas em 38 cidades”, afirmou hoje na rede social Telegram a organização independente OVD-Info, que rastreia as detenções e já foi declarada “agente estrangeiro” pelas autoridades russas.
Na tarde de quarta-feira, a OVD-Info havia informado que mais de 1.113 pessoas já tinha sido detidas em protestos em 38 cidades russas.
A organização de direitos humanos relatou detidos em Moscovo, São Petersburgo, Ecaterimburgo, Perm, Ufa, Krasnoyarsk, Chelyabinsk, Irkutsk, Novosibirsk, Yakutsk, Ulan-Ude, Arkhangelsk, Korolev, Voronezh, Zheleznogorsk, Izhevsk, Tomsk, Salavat, Tyumen, Volgogrado, Petrozavodsk, Samara, Surgut, Smolensk, Belgorod e outras cidades.
Segundo a OVD-Info, a polícia agiu com violência contra os manifestantes e entre os detidos estão vários jornalistas.
O Ministério Público de Moscovo advertiu de que punirá com até 15 anos de prisão a organização e participação em acções ilegais.
Também será punida administrativa ou criminalmente a difusão de convocatórias para participar em acções ilegais ou para realizar outros actos ilegais nas redes sociais, bem como fazer apelos a menores de idade para participarem em actos ilegais.
De acordo com os últimos dados da OVD-Info, 509 pessoas foram detidas em Moscovo e pelo menos 541 em São Petersburgo, a segunda maior cidade do país.
Na quarta-feira, o Presidente russo declarou que o número de pessoas convocadas para o serviço militar activo seria determinado pelo Ministério da Defesa, e o ministro da Defesa, Sergei Shoigu, disse numa entrevista televisiva que 300.000 reservistas com experiência relevante de combate e serviço serão inicialmente mobilizados.
Além da convocação de protestos, a Rússia tem também assistido a um acentuado êxodo de cidadãos desde que Putin ordenou que o exército invadisse a Ucrânia, há quase sete meses.
No discurso que proferiu na quarta-feira ao país, em que anunciou uma mobilização parcial dos reservistas, Vladimir Putin também fez uma ameaça nuclear velada aos inimigos russos do Ocidente.
A ofensiva militar lançada a 24 de Fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas – mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,4 milhões para os países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa – justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 5.916 civis mortos e 8.616 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.