António Guterres fez este apelo numa carta enviada, na quinta-feira, aos ministros das Finanças e aos líderes dos bancos centrais do G20, em antecipação da reunião do grupo, no próximo mês, na ilha indonésia de Bali.
Estes acontecimentos mundiais, juntamente com o aumento do custo de vida, o agravamento das condições financeiras e o peso insustentável da dívida, "estão a causar estragos nas economias de todo o mundo", escreveu.
"O impacto destes choques agravantes nos países em desenvolvimento é ainda mais exacerbado por um sistema financeiro global injusto que assenta em análises de custo-benefício a curto prazo e privilegia os ricos sobre os pobres", considerou.
Guterres salientou que devem ser feitos esforços imediatos "para acabar com a subida do custo de vida e aumentar a liquidez nos países em desenvolvimento".
Nesse sentido, instou o G20 a abandonar o 'status quo', afirmando que o sistema da ONU e parceiros propuseram "um estímulo" para enfrentar a deterioração das condições de mercado e acelerar o progresso em direcção aos objectivos de desenvolvimento da organização para 2030: acabar com a pobreza extrema, assegurar uma educação de qualidade para todas as crianças e alcançar a igualdade de género.
O estímulo apela a "um aumento maciço dos compromissos do sector público com o desenvolvimento, a atenuação humanitária e climática e a adaptação em apenas 2% do produto interno bruto (PIB) global", disse o secretário-geral.
E consiste em cinco recomendações: reforço imediato do alívio da dívida dos países vulneráveis, alavancagem de melhores empréstimos dos bancos de desenvolvimento, envolvimento de obrigacionistas privados e devedores soberanos nos esforços de alívio da dívida, reforço da liquidez dos países vulneráveis através de uma melhor utilização dos direitos de saque especiais, e alinhamento dos fluxos financeiros com os objectivos da ONU e o acordo de Paris de 2015 sobre as alterações climáticas, disse.
"Agora mais do que nunca, a liderança do G20 é necessária para conduzir o mundo" a superar a crise "mais profunda", frisou Guterres.