“Este é mais um exemplo da necessidade dos Estados-membros se unirem e criarem vias ordenadas e seguras para as pessoas forçadas a fugir (…), para salvar vidas no mar e reduzir as viagens perigosas”, frisou o diplomata português, através do seu porta-voz, Stéphane Dujarric.
Segundo Dujarric, o líder das Nações Unidas insiste que “todos aqueles que procura uma vida melhor precisam de dignidade e segurança”.
O governo da Grécia decretou três dias de luto após o naufrágio, a sudoeste da Grécia, de um barco de pesca transportando centenas de migrantes, numa das piores catástrofes deste tipo ocorridas na região.
De acordo com o mais recente balanço, a guarda costeira grega referiu que recuperou 79 corpos e resgatou cerca de 100 pessoas, mas os sobreviventes relataram que quase 750 pessoas estavam a bordo.
Uma vasta operação de salvamento foi iniciada hoje de manhã e permitiu resgatar um total de 104 pessoas, quatro das quais foram hospitalizadas em Kalamata, uma cidade do sul do Peloponeso, acrescentou a guarda costeira.
As estações de televisão gregas mostraram imagens dos sobreviventes, envoltos em cobertores cinzentos e com máscaras protetoras no rosto, a sair de um iate que foi socorrê-los em alto mar, com a inscrição Georgetown, capital das ilhas Caimão. Outros foram retirados em macas.
Nenhuma informação foi até agora fornecida sobre nacionalidade, género e idades destas pessoas.
As águas ao largo da Grécia têm sido cenário de muitos naufrágios de embarcações de migrantes, muitas vezes em mau estado e sobrelotadas, mas este foi, até agora, o maior balanço de vítimas humanas desde que, a 03 de junho de 2016, pelo menos 320 pessoas morreram ou desapareceram quando o barco em que seguiam se afundou no mar.
A guarda costeira grega precisou que, no momento da tragédia, na noite de terça para quarta-feira, a 47 milhas náuticas (87 quilómetros) de Pilos, no mar Jónico, nenhum dos migrantes a bordo do barco de pesca estava equipado com colete salva-vidas.
A embarcação foi localizada na terça-feira à tarde por um avião da Frontex, a agência europeia de segurança fronteiriça e costeira, mas os migrantes a bordo “recusaram qualquer ajuda”, indicaram num comunicado anterior as autoridades portuárias gregas.
Além dos barcos de patrulha da polícia portuária, uma fragata da Marinha de guerra grega, um avião e um helicóptero da Força Aérea, bem como seis barcos que navegavam naquela zona participaram na operação de salvamento.
Segundo informações das autoridades, a embarcação naufragada tinha zarpado da Líbia com destino a Itália.
Desde o início do ano, 44 pessoas morreram afogadas no Mediterrâneo oriental, segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM). No ano passado, o número de pessoas que morreram dessa forma ascendeu a 372.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, declarou-se “profundamente triste” e defendeu, na rede social Twitter, que os Estados-membros da UE devem “continuar a trabalhar em conjunto, com (…) os países terceiros para impedir tais tragédias”.
A missão grega do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) descreveu este incidente como uma “tragédia inconcebível”, sublinhando ainda que estas mortes poderiam ter sido evitadas se tivessem sido estabelecidas rotas de migração mais seguras no Mediterrâneo.