Apesar das relações turbulentas durante a Guerra Fria, Pequim e Moscovo aproximaram-se muito nos últimos anos, para contrabalançar os Estados Unidos.
O Governo chinês nunca condenou, por exemplo, a invasão russa da Ucrânia e atribui o conflito aos Estados Unidos e à NATO.
Esta quinta-feira, o ministro das Negócios Estrangeiros da China, Wang Yi, reiterou o apoio do seu país à Rússia, apesar das críticas ocidentais, noticiou a agência France-Presse (AFP).
"A China apoia determinadamente o lado russo (...) para superar as dificuldades e eliminar a interferência externa", realçou Wang Yi, numa posição manifestada ao homólogo russo, Serguei Lavrov, durante uma conversa telefónica.
O comunicado sobre o diálogo entre os governantes, citado pela televisão pública chinesa CCTV, não menciona explicitamente a Ucrânia.
"A China está disposta a aprofundar os intercâmbios com a Rússia em todos os níveis", garantiu ainda Wang a Lavrov.
Estas declarações são as primeiras após Xi Jinping ter obtido um terceiro mandato de cinco anos após o Congresso do Partido Comunista (PCC), onde reforçou o seu estatuto de líder chinês mais influente desde Mao Tse-tung.
Já no mês passado, Xi Jinping tinha reafirmado o seu apoio ao Presidente russo, Vladimir Putin, apesar das dificuldades enfrentadas pela Rússia no campo de batalha na Ucrânia.
Na altura, o líder chinês garantiu que o seu país estava preparado para trabalhar com Moscovo para apoio mútuo dos seus "interesses fundamentais".
Entretanto, Wang Yi tinha-se encontrado com o homólogo ucraniano, Dmytro Kuleba, em Setembro, à margem da Assembleia Geral da ONU, em Nova Iorque.
Este é um sinal de que a China, oficialmente neutra, mas às vezes considerada muito próxima de Moscovo pelos ocidentais, parece querer equilibrar mais a sua posição.
A ofensiva militar lançada a 24 de Fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas -- mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,7 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 6.374 civis mortos e 9.776 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.