"A nossa ambição não é confiscar o poder", disse Tiani, durante um discurso hoje à noite, especificando que a duração da transição "não pode ultrapassar três anos".
"Se um ataque for realizado contra nós, não será a vitória fácil em que algumas pessoas acreditam", alertou, um dia depois de ter sido conhecida uma decisão da Comunidade de Estados da África Ocidental (CEDEAO), afirmando que estava pronta para uma intervenção armada.
Num discurso que durou cerca de 10 minutos, o general Tiani anunciou o lançamento de um "diálogo nacional" dando 30 dias para formular "propostas concretas" com vista a lançar "as bases de uma nova vida constitucional".
As declarações surgem na sequência da visita, ao início do dia, de uma delegação da CEDEAO para procurar uma solução pacífica para a crise.
"A CEDEAO prepara-se para atacar o Níger através da criação de um exército de ocupação em colaboração com um exército estrangeiro", continuou o general Tiani, sem citar um país.
O novo líder do Níger também denunciou sanções "ilegais" e "desumanas" por parte da organização regional da África Ocidental.
Desde 30 de Julho, o Níger está sob pesadas sanções financeiras e comerciais impostas pela CEDEAO, que quer o retorno ao poder do Presidente deposto, Mohamed Bazoum, mantido prisioneiro desde o golpe de 26 de Julho.
A delegação da África Ocidental que chegou a Niamey hoje para tentar alcançar uma solução diplomática para a crise no Níger encontrou-se com Mohamed Bazoum, revelou fonte da CEDEAO.
Citada pela agência France-Presse, a fonte da organização regional disse que o Presidente deposto, detido desde 26 de Julho, "tem ânimo".
O encontro foi confirmado por um jornalista da agência noticiosa nigerina, presente no palácio presidencial na tarde de hoje, aquando da visita da delegação.
O chefe da Guarda Presidencial nigerina, Abdourahmane Tiani, anunciou em 26 de Julho a deposição de Mohamed Bazoum e o encerramento das fronteiras, devido à profunda crise económica e de segurança no país, que enfrenta um aumento das operações das ramificações do grupo extremista Estado Islâmico e da Al-Qaida.
O Níger é o quarto país da África Ocidental a ser liderado por uma junta militar, depois do Mali, da Guiné-Conacri e do Burquina Faso, que também tiveram golpes de Estado entre 2020 e 2022.