Luíz Inácio Lula da Silva, que termina este sábado os dois dias de visita a Angola, falava no encerramento do Fórum Económico Angola Brasil, que reuniu perto de cinco centenas de participantes.
O chefe de Estado brasileiro disse que os países africanos devem ao FMI quase 800 mil milhões de dólares, questionando por que razão a instituição financeira e o mundo desenvolvido “não fazem um acordo e não transformam essa dívida do continente africano em dinheiro para investir no desenvolvimento ao invés de pagar para ele”.
“Fazer as obras que faltam fazer no continente africano, sobretudo a questão energética, essa discussão é que nós temos que fazer, porque se a gente achar que está tudo normal, não vamos ver as coisas mudarem”, frisou.
O Presidente brasileiro considerou que “não é normal” as pessoas nascerem pobres e morrerem pobres, tal como os seus descendentes.
“Venham investir em Angola, que já foi um país usurpado e roubado de tanto diamante que esse país produzia. Não sei quanto esses diamantes geraram dinheiro para Angola ou geraram dinheiro para meia dúzia de espertos”, disse Lula da Silva, citando ainda as riquezas de Angola em ouro, petróleo, gás e agricultura.
O chefe de Estado apelou à necessidade de melhor distribuição da riqueza: “Enquanto um estiver a comer dez vezes por dia e o outro não estiver a comer nada, não vai dar certo, a gente vai criando uma sociedade empobrecida".
Aos empresários angolanos disse que o Brasil voltou para o continente africano “para valer” e adiantou que o país quer voltar a financiar Angola que foi um "bom pagador" do investimento brasileiro.
“Angola sempre foi um país que nos deu certeza que cada dólar investido aqui seria ressarcido e assim o fez, porque esse país aqui não é resultado de um traçado de régua, esse país é resultado de uma luta muito sangrenta, não só para conquistar a independência, mas depois para construir o país”, referiu Lula da Silva.
O Presidente brasileiro defendeu a repetição deste tipo de fórum em todos os países africanos que visitar, porque os políticos não sabem discutir sobre investimento, sabem apenas “abrir as portas”.
O Brasil afastou-se de África, prosseguiu Lula da Silva, “por falta de visão de longo prazo ou por falta do imediatismo, de achar que o investimento tem que trazer o retorno no dia seguinte”.