Em declarações à Lusa no final da reunião, o ministro dos Negócios Estrangeiros são-tomense, Gareth Guadalupe, observou que, apesar da questão da Juventude e Sustentabilidade ser um tema muito transversal, foi dado destaque à questão da mobilidade, mas também à questão da cooperação económica e formas de integrá-la com o lema da “Juventude e Sustentabilidade”.
De acordo com o governante, as alterações climáticas são igualmente um tema sobre o qual a CPLP se deve debruçar e apostar na formação dos seus jovens para contribuir para um futuro mais sustentável.
"Quando falamos da sustentabilidade, estamos aqui a falar na vertente económica, social e ambiental, e na vertente ambiental temos a questão das alterações climáticas. Temos que ter em conta que tudo o que fazemos, temos de o fazer de uma forma sustentável para poder ajudar a mitigar os efeitos de alterações climáticas, que é uma variável que não depende de nós. Mas tudo aquilo que pudermos fazer para mitigar o efeito das alterações climáticas, como CPLP, é muito bem-vindo", advogou.
"Nós sabemos que muitas das metas climáticas não se concretizam de um ano para o outro, muitas delas vão até 2050, mas nós somos a geração que tem que preparar a nossa comunidade para o futuro. E esse futuro é feito pelos jovens, e são esses jovens que têm que ser educados nesse sentido, (...) com formação profissional, com ensino superior, para que lhes permita que quando emigrem, sejam jovens com a qualificação necessária para serem competitivos onde estiverem. Mas (...) os que ficam também têm que ter essa qualificação", frisou o ministro.
O governante são-tomense disse haver "toda uma sintonia" entre os membros da CPLP sobre os temas abordados durante a reunião informal.
"E há uma frase que foi deixada pelo secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, que eu gostaria de enaltecer: O mundo está a mudar, mas as nossas instituições não. Então é preciso que nós, a nível da comunidade CPLP, também possamos dar o exemplo", acrescentou.
Apesar de a guerra na Ucrânia não ter sido diretamente abordada nesta reunião, Gareth Guadalupe disse à Lusa que o bloqueio do Acordo dos Cereais do Mar Negro - que permitia a exportação de alimentos pelos portos ucranianos, mas agora bloqueado pela Rússia - poderá complicar ainda mais a questão da inflação, mais concretamente nos preços dos alimentos, no continente africano, pelo que é um tema que continuará na agenda.
O secretário-executivo da CPLP, Zacarias da Costa, salientou que os efeitos deste bloqueio não se restringem ao continente africano e defendeu um trabalho conjunto em prol de uma solução e um apoio a António Guterres nos seus esforços para restabelecer esse acordo.
Em relação ao Acordo de Mobilidade ratificado pelos Estados-membros da CPLP, Zacarias da Costa disse à Lusa que este se encontra a avançar para "um segundo passo, de nível técnico".
"Estamos a avançar para um segundo passo, que é a nível mais técnico, de análise das dificuldades logísticas e humanas que temos para implementar o acordo, mas particularmente em termos de segurança documental, que é um problema que diz respeito a todos os Estados-membros. Maneiras de garantir que haja uma maior segurança documental para que os nossos cidadãos também possam deslocar-se livremente entre os nossos Estados-membros", afirmou.
A CPLP é constituída por Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.