De acordo com António Guterres, esse forte retrocesso sente-se em vários níveis, incluindo a perseguição de mulheres defensoras dos direitos humanos.
"Este Prémio Nobel da Paz é um tributo a todas as mulheres que lutam pelos seus direitos arriscando a sua liberdade, a sua saúde e até as suas vidas", acrescentou Guterres, citado num comunicado oficial.
Também a organização não-governamental (ONG) Human Rights Watch (HRW) considerou que ao atribuir o Prémio Nobel da Paz a Narge Mohammadi, o Comité Nobel está a reconhecer as "imensas contribuições, os sacrifícios altruístas e a coragem e resiliência" que a ativista e outros ativistas iranianos dos direitos humanos "demonstram diariamente na sua luta por um Irão mais brilhante e que respeite os direitos".
"Durante mais de duas décadas, Narges Mohammadi tem sido um membro crucial da sociedade civil iraniana, organizando-se sob intensa repressão para promover os direitos humanos e a igualdade, e a responsabilização por violações graves", disse Tirana Hassan, diretora executiva da HRW, citada num comunicado.
Nesse sentido, a ONG apelou às autoridades iranianas para que "libertem imediata e incondicionalmente" Narges Mohammadi e outros ativistas de direitos humanos que se encontram presos.
Ao longo dos últimos anos, o regime de Teerão deteve 13 vezes Narges Mohammadi. Foi condenada cinco vezes e está atualmente a cumprir uma sentença de 16 anos de cadeia.
O Prémio Nobel da Paz 2023 foi hoje atribuído à ativista iraniana, em nome da "luta das mulheres no Irão contra a opressão", segundo anunciou o Comité Nobel Norueguês.
Segundo o comité, a escolha desta ativista, vice-presidente do Centro de Defensores dos Direitos Humanos, deveu-se também "à sua luta para promover os direitos humanos e a liberdade de todos".
Em 2022, o Nobel da Paz foi atribuído a Ales Bialiatski, da Bielorrússia, e às organizações de defesa dos direitos humanos Memorial, da Rússia, e Centro de Liberdades Civis, da Ucrânia.