"Algumas das pessoas detidas durante as manifestações das duas últimas semanas continuam detidas, incluindo o secretário-geral de um dos partidos políticos da oposição", sublinhou o porta-voz do Gabinete dos Direitos Humanos da ONU, Seif Magango, numa mensagem enviada à imprensa.
Os eleitores de Madagáscar, um dos países mais pobres do mundo apesar dos seus vastos recursos naturais, votam nas eleições presidenciais de 09 de Novembro.
Os preparativos para a primeira volta das eleições decorrem há várias semanas num clima de deterioração dos direitos cívicos, com a oposição a denunciar uma conspiração das autoridades para favorecer o atual Presidente, Andry Rajoelina.
A União Europeia (UE), os Estados Unidos e países como o Reino Unido e a França afirmaram estar a acompanhar o processo eleitoral com "grande vigilância", tal como a ONU.
"Estamos preocupados com a deterioração da situação dos direitos humanos em Madagáscar no período que antecede as eleições presidenciais previstas para daqui a um mês, depois de as forças da ordem terem recorrido a uma repressão desnecessária e desproporcionada para dispersar quatro manifestações pacíficas no espaço de quinze dias", declarou Magango.
A ONU apela às autoridades malgaxes para que garantam o respeito pelos direitos humanos e pelo Estado de Direito e espera que sejam dadas "instruções claras" às forças de segurança para que respeitem os direitos e as liberdades "a fim de criar um ambiente propício à realização de eleições livres, justas e transparentes".
Segundo a ONU, uma manifestação convocada por 11 candidatos da oposição para os dias 02 e 03 de Outubro foi dispersada pelas forças de segurança, que utilizaram gás lacrimogéneo e espancaram e prenderam arbitrariamente dezenas de manifestantes e transeuntes.
Dois candidatos presidenciais e um antigo Presidente interino ficaram feridos e tiveram de ser hospitalizados.
As manifestações que se seguiram, em 06 e 07 de Outubro, foram igualmente reprimidas com recurso a gás lacrimogéneo e balas de borracha pelas forças de segurança.
"Registamos que duas outras manifestações não foram perturbadas e terminaram pacificamente sem a intervenção das forças de segurança", observou Magango.