Segundo a agência noticiosa francesa, vídeos publicados nas redes sociais mostram várias centenas de pessoas, vestidas com roupas quentes, a atirar bolas de neve contra a polícia que usava escudos antimotim em Baimak, uma cidade com cerca de 17.000 habitantes.
Este tipo de explosão de raiva nas ruas tornou-se extremamente raro na Rússia, onde qualquer crítica às autoridades pode resultar em prisão.
Segundo a organização não-governamental russa OVD-Info, 6.000 pessoas participaram na manifestação e cerca de 20 foram detidas pela polícia.
Fail Alsynov, um ativista que luta contra a exploração dos recursos energéticos do Bascortostão e que denunciou a agressão de Moscovo à Ucrânia, foi condenado a "quatro anos de prisão num estabelecimento penitenciário" por "incitamento ao ódio" pelo tribunal de Baimak, que proferiu o seu veredicto à porta fechada.
Num discurso contra a extração de ouro, proferido numa reunião municipal no ano passado, Alsynov utilizou duas palavras em bashkir, a língua local, que as autoridades classificaram de racistas.
O ativista afirmou entretanto que as suas palavras foram mal traduzidas para russo.
"Não reconheço a minha culpa. Sempre lutei pela justiça, pelo meu povo, pela minha república", defendeu-se novamente após o anúncio do veredicto, sublinhando que vai recorrer da decisão.
No veredicto, o tribunal de Baimak considerou que as afirmações de Alsynov tinham por objetivo "incitar ao ódio e humilhar a dignidade de um grupo de pessoas com base na raça, nacionalidade, língua ou origem".
O governador da república de Bascortostão, Radii Khabirov, acusou o jovem de insultar os povos da Ásia Central e do Cáucaso.