"Estamos à espera da segunda volta, mas as preferências dos eleitores franceses são mais ou menos claras para nós", acrescentou Dmitri Peskov, citado pela agência francesa AFP.
Na votação realizada no domingo, o partido de extrema-direita União Nacional (RN, do original francês Rassemblement National) obteve 33% dos votos, contra cerca de 28% da frente popular de esquerda e de 21% do campo do Presidente Emmanuel Macron.
A segunda volta está marcada para o próximo domingo, 7 de Julho.
Outros responsáveis russos situaram os resultados em França no contexto mais vasto das próximas eleições legislativas e presidenciais no Reino Unido e nos Estados Unidos, os principais aliados da Ucrânia.
"Na semana passada, vimos [o Presidente Joe] Biden perder o debate [para Donald Trump]. E, agora, o partido de Macron perdeu ao ficar em terceiro lugar", afirmou o presidente da Duma (câmara baixa do parlamento russo), Vyacheslav Volodin.
"Os chefes de Estado no poder sofrem derrotas devastadoras", considerou.
Volodin comentou que os povos norte-americanos e francês estão a pronunciar-se "a favor do desenvolvimento das suas economias e da necessidade de encontrar soluções para as questões de segurança global".
Vários responsáveis russos e analistas políticos admitiram, no entanto, que não esperavam que o apoio francês à Ucrânia fosse fundamentalmente posto em causa.
"Não devemos esperar que as relações entre Paris e Moscovo melhorem após as eleições legislativas", afirmou o vice-presidente da comissão parlamentar dos Assuntos Externos, Vladimir Djabarov, citado pelo jornal Parlamentskaya Gazeta.
"Não devemos exagerar a importância da Rassemblement National e a sua influência na política francesa", alertou o especialista Georgi Bovt, na estação de rádio russa BFM.
Bovt lembrou que "o Presidente francês mantém o controlo sobre a política externa" e que "os dirigentes da RN já deixaram claro que o apoio francês à Ucrânia não será posto em causa".
O presidente da RN, Jordan Bardella, afirmou que vai estar "extremamente vigilante" contra "as tentativas de interferência da Rússia".
Bardella também estabeleceu "linhas vermelhas" para o envio de tropas terrestres para a Ucrânia ou de "mísseis de longo alcance ou equipamento militar" que possam "atingir directamente cidades russas".
Macron é a favor da utilização de armas ocidentais para neutralizar alvos militares na Rússia que sejam usados para atacar a Ucrânia.
A guerra em curso entre a Ucrânia e a Rússia foi desencadeada pela invasão russa do país vizinho em Fevereiro de 2022.
O presidente russo, Vladimir Putin, justificou a invasão com o objectivo de "desmilitarizar e desnazificar" a Ucrânia.
Kyiv tem recebido armamento e apoio financeiro dos aliados ocidentais, que também têm imposto sanções a Moscovo para tentar diminuir a capacidade russa de financiar o esforço de guerra na Ucrânia.