Josefa Correia Sacko, comissária da UA para a Agricultura, Desenvolvimento Rural, Economia Azul e Ambiente Sustentável, que manifestou esta inquietação na 33ª Conferência Regional para África da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), realçou que este número está a “aumentar vertiginosamente” devido à sobreposição de novas crises.
A diplomata avançou que as estatísticas apresentadas no panorama regional africano da segurança alimentar e nutrição - estatísticas e tendências 2023 - indicam que cerca de 282 milhões de pessoas em África (cerca de 20 por cento da população) estão subnutridas, um aumento de 57 milhões de pessoas desde o início da pandemia da covid-19.
“Precisamos, portanto, de uma acção urgente e abrangente, uma vez que África está a enfrentar uma crise alimentar sem precedentes, que se agrava todos os anos devido à sobreposição de novas crises”, destacou na sua comunicação endereçada à Inforpress.
Para colmatar este mal, que atinge “proporções alarmante” no continente, defendeu como prioritária a promoção de uma melhor produção, transformação ampla, na utilização de alimentos nativos através da intensificação dos investimentos no domínio da investigação, bem como, na salvaguarda da biodiversidade relevante, incluindo a mecanização em toda a cadeia de valor alimentar.
Segundo a mesma fonte, especialista em agro-economia, estas culturas órfãs, incluindo os produtos alimentares não-madeireiros, que compõem os principais alimentos básicos africanos, devem ser considerados como as “culturas de oportunidade”.
Esta estratégia, referiu, vai ao encontro da estratégia “Visão para culturas e solos adaptados” lançada conjuntamente, muito recentemente, pela UA, FAO, USAID e outros parceiros os Agro-Parques Africanos Comuns.
Outra acção urgente, apontou, é a operacionalização efectiva do quadro para a mecanização agrícola sustentável em África(F-SAMA), incluindo o desenvolvimento de tecnologia adaptada às necessidades dos pequenos agricultores, em particular das mulheres e dos jovens.
Por outro lado, reiterou a colaboração entre a UA e a FAO e destacou o apoio na implementação do acordo de comércio livre continental africano, especialmente no que diz respeito à promoção do comércio agrícola para o alcance da soberania alimentar através da redução das importações de alimentos em África.