​África deve evitar nova "dependência de matérias-primas" para renováveis - ONU

PorExpresso das Ilhas, Lusa,1 mai 2024 7:33

A Organização das Nações Unidas (ONU) alertou que a África subsaariana, bem posicionada para beneficiar da transição para energias renováveis, tem que evitar nova dependência de matérias-primas e conseguir diversificar a sua economia.

"Para fortalecer os seus setores industriais, diversificar as economias e redefinir o seu papel na economia global, os países em desenvolvimento ricos em minerais fundamentais para a transição energética têm de evitar as armadilhas da dependência de matérias-primas", lê-se numa análise feita pela ONU Comércio e Desenvolvimento, anteriormente conhecida por UNCTAD.

A nova procura por minerais como o cobalto, lítio ou magnésio, abundantes em África, "pode piorar ainda mais a dependência de matérias-primas, agravando as vulnerabilidades económicas e deixando os benefícios longe das comunidades e empresários locais", lê-se no documento a que a Lusa teve hoje acesso.

A transição energética, nomeadamente a utilização de veículos elétricos, está a fazer a procura destes materiais disparar, com a ONU a prever que a procura por lítio, cobalto e cobre possa quadruplicar até 2030, beneficiando os países que têm estes materiais em abundância, como a República Democrática do Congo (RDCongo).

"As matérias-primas e a sua dependência são questões que estão no centro do passado e, especialmente, do futuro do comércio e do desenvolvimento", disse a secretária-geral da ONU Comércio e Desenvolvimento, Rebeca Grynspan.

O alerta surge no contexto da crescente exploração destas matérias-primas, que parece estar a repetir os erros do passado, ou seja, a simples exportação em vez da adição de valor nos países africanos para exportar produtos já processados.

"Muitos países em desenvolvimento têm uma enorme riqueza destes minerais, mas não têm as capacidades de processamento necessárias para adicionar valor", alerta a ONU, salientando que o exemplo da RDCongo deve ser seguido por mais países.

"Ao refinar e processar o cobalto localmente, o país aumentou o preço da unidade deste material de 5,8 dólares por quilo, na extração, para 16,2 dólares por quilo depois do processamento; com esta subida na cadeia de adição de valor, as exportações da RDCongo de cobalto processado chegaram aos 6,0 mil milhões de dólares (cerca de 5,6 mil milhões de euros) em 2022, o que compara com apenas 167 milhões de dólares (cerca de 156 milhões de euros) em exportações de cobalto por processar", diz a ONU.

"Temos agora a oportunidade de alavancar estas novas matérias-primas para atualizar o regime comercial, promover a diversificação estrutural e virar a maré da dependência de matérias-primas de uma vez por todas", acrescentou Grynspan.

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Autoria:Expresso das Ilhas, Lusa,1 mai 2024 7:33

Editado porFretson Rocha  em  16 mai 2024 23:28

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