A delegação que representa os talibã na sua primeira reunião internacional neste formato, que começa no domingo, será chefiada por Zabiullah Mujahid, porta-voz principal do governo de Cabul, e por representantes do Ministério do Interior, Ministério dos Negócios Estrangeiros, Ministério do Comércio e da Indústria e do Banco Central do Afeganistão.
Segundo o chefe do gabinete político dos talibã em Doha, Suhail Shaheen, a reunião, cuja ordem de trabalhos foi negociada durante meses entre a ONU e os fundamentalistas, abordará a luta contra os estupefacientes e as sanções financeiras e bancárias.
Esta será a terceira ronda de conversações internacionais sobre o Afeganistão a ter lugar em Doha desde a tomada de Cabul pelos talibã e a primeira em que estes participam. É também a primeira vez que os representantes da sociedade civil afegã e os ativistas dos direitos humanos não são convidados pela ONU.
"O Emirado Islâmico Afegão é o governo do Afeganistão e não deveria haver outros representantes do Afeganistão", respondeu hoje durante uma conferência de imprensa Mujahid, quando questionado porque não foram convidados os representantes das mulheres afegãs.
Segundo o governo fundamentalista, dar voz aos afegãos através de diferentes canais "abre caminho à interferência estrangeira".
Os talibã também não esperam abordar questões como a aplicação da lei islâmica, os castigos corporais ou a abolição do direito das mulheres à educação, as restrições ao trabalho ou à circulação.
A este respeito, o porta-voz dos talibã afirmou que "as questões relacionadas com os afegãos são questões internas e as reuniões internacionais não são o local adequado para as levantar".
Entretanto, os ativistas dos direitos das mulheres afegãs manifestaram o seu desapontamento com a reunião que, na sua opinião, não tem qualquer relevância se não forem abordadas as questões dos direitos fundamentais.
A questão mais importante e catastrófica é a dos direitos das mulheres afegãs, que são completamente ignorados pelos talibã. Se a reunião é da ONU e não tem interesses políticos, as mulheres deveriam e devem fazer parte da reunião", disse à EFE a defensora dos direitos afegãos Mina Rafiq.
Mas sem isso "a reunião abrirá caminho a mais violações dos direitos das mulheres afegãs e à sua privação da vida pública e, mais uma vez, os seus direitos serão ignorados", lamentou.
A agenda oficial da reunião de Doha não foi divulgada, mas espera-se que aborde questões como a ajuda humanitária, a reconstrução do país e a luta contra o terrorismo.